Pessoas negras têm menos acesso a emprego, educação e segurança
Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do IBGE, mostra que pessoas negras recebem menos e sofrem mais com a violência do que pessoas brancas
Por Julia Bonin
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última sexta (11), os resultados do estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, que apontou que as desigualdades sociais por cor ou raça seguem evidentes no mercado de trabalho. Os principais destaques são para as áreas de empregabilidade, educação e segurança, nas quais pessoas pretas e pardas continuam seguindo uma tendência histórica de menor acesso em relação a pessoas brancas.
O levantamento considerou desigualdades entre brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas em cinco temas: trabalho, distribuição de renda, moradia, educação, violência e representação política. Apesar de as populações preta e parda representarem 9,1% e 47% da população brasileira, respectivamente, os indicadores que refletem os melhores níveis de condição de vida mostram que a participação desses grupos é mais baixa, comentou o analista do IBGE João Hallak.
Entre as pessoas com nível superior, os brancos recebiam 50% a mais que os pretos em 2021. O rendimento médio dos ocupados brancos era de R$19 por hora no período analisado, enquanto para os pretos (R$10,9) e pardos (R$11,3) esse valor era bem menor. O estudo indica que os rendimentos são maiores entre aqueles que têm maiores níveis de instrução, mas as diferenças por cor ou raça permanecem sendo uma dificuldade.
Ao analisar as taxas de comparecimento ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a diferença de acesso à educação é evidente. Em 2021, pessoas pretas estiveram 60,2% presentes no exame, pardas 62,9%, e brancas 72,1%. O levantamento levou em consideração para a taxa de comparecimento o total de participantes dividido pelo total de inscritos, o que indica que as condições de pessoas negras fazem com que elas sejam quase dez pontos percentuais menos presentes no vestibular.
Além disso, a taxa de homicídio entre pardos é o triplo da registrada entre brancos. Em 2020, houve 49,9 mil homicídios no país, o que equivale a 23,6 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas brancas, a taxa foi de 11,5 mortes por 100 mil habitantes. Entre as pessoas pardas, 34,1 mortes por 100 mil habitantes e, entre pretas, 21,9 mortes por 100 mil habitantes, valores acima da média nacional.