Brasil Educação

'Parece que é um ministro que não tem educação', diz senador

Presidente da comissão da área criticou carta enviada por Vélez Rodríguez às escolas
Ministério da Educação mandou carta com orientações às escolas em que slogan de campanha é repetido Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Ministério da Educação mandou carta com orientações às escolas em que slogan de campanha é repetido Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

BRASÍLIA - O senador Dario Berger (MDB-SC), que preside a Comissão de Educação do Senado, reagiu ao teor da carta enviada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, a escolas do país com o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos". No comunicado, Vélez pede que a mensagem seja lida para estudantes e funcionários perfilados diante da bandeira do Brasil com o hino nacional sendo executado, e que vídeos desse momento sejam filmados e enviados ao governo federal.

Vélez é aguardado em uma audiência pública na Comissão de Educação nesta terça-feira. Berger afirmou que o ministro será cobrado pelo comunicado enviado às escolas com dizeres relacionados à campanha eleitoral. Para o senador, é inadmissível "associar a política pública com a política partidária" ao ocupar um cargo de ministro de Estado:

— É um ministro que parece que não tem educação. Em vez de encontrar soluções para o sistema educacional, fica colocando política partidária no meio de questões sensíveis. Um ministro da Educação precisa ter uma atitude de conviver com as divergências, com os contrários.

O ministro também será questionado por declarações polêmicas dadas em entrevista a revista Veja, quando disse que o "brasileiro viajando é um canibal, rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião, ele acha que sai de casa e pode carregar tudo".

A deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que articula a atuação de bancada ligada à educação, usou as redes sociais para cobrar explicações de Vélez Rodríguez. Ela disse que a atitude do ministro demonstra uma tentativa de "doutrinação partidária e ideológica" que fere direitos garantidos na lei e mascaram as verdadeiras mazelas do ensino público brasileiro.

— A imposição de uma doutrina partidária e ideológica vai contra o pluralismo, a diversidade, a liberdade garantidos pela Constituição. Recomendo que o ministro busque conhecer a dura realidade das escolas públicas. O que os alunos precisam não é de doutrina nem partido nas escolas, é de oportunidades. A população brasileira e o Congresso exigem explicação do ministro — afirmou a parlamentar.