Depois de quatro anos sem produzir novas questões, o Banco Nacional de Itens (BNI), que reúne questões testadas e aprovadas para entrarem nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não teve questões suficientes para a realização da prova de 2022.
Para que a edição tenha apenas questões inéditas, o Inep, órgão do governo que realiza o Enem, precisou consertar questões que foram descartadas em antigas testagens. A informação foi divulgada na noite de segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada por O GLOBO.
Segundo servidores ouvidos por O GLOBO, essas questões recauchutadas tinham sido aprovadas pedagogicamente nos testes, mas foram reprovadas na questão 'psicométrica', uma calibragem para identificar a proficiência dos candidatos.
O Inep, então, consertou os problemas apresentados — mudanças no enunciado ou nas alternativas, por exemplo — e incluiu os itens na edição de 2022. Na equipe técnica, há a confiança de que as alterações garantem a qualidade da prova.
O alerta de que a falta de questões do BNI seria um problema para o Enem 2022 foi divulgado por reportagem de O GLOBO logo depois da edição de 2021. Na ocasião, servidores do Inep informaram que, desde o fim do governo Temer, o banco nunca recebeu novos itens, ao contrário do que ocorria todos os anos, em gestões anteriores.
Uma minuta do edital do Enem deste ano chegou a prever que questões usadas em edições passadas da prova pudessem ser reaproveitadas no teste em 2022. A ideia foi abandonada para dar lugar
Essa falta de novas perguntas explica, por exemplo, por que não houve uma só questão ou texto citando a pandemia de Covid-19. Surgida em 2020, ela ainda não existia quando as últimas questões foram incluídas no banco, há três anos.
- Antônio Gois: Novos ares no MEC
O Inep teve cinco presidentes durante o governo Bolsonaro. Além disso, outro posto chave, o comando da diretoria de Avaliação da Educação Básica, diretamente responsável pela elaboração da prova, também teve alta rotatividade, com seis diretores nesse período. O cargo também chegou a ficar quase cinco meses sem titular, em 2019.
Somente o último escolhido era um técnico do Inep. Carlos Moreno, que assumiu o posto em julho deste ano, chegou com a missão de pacificar o órgão que viveu uma crise em 2021, com a debandada de dezenas de profissionais que ocupavam postos chaves nas vésperas do exame.