publicado dia 31/07/2023

“Para nós, mulheres mães, Educação Integral é ferramenta para enfrentamento de desigualdades” 

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Resumo: Em discurso na oficialização do Programa Escola em Tempo Integral, sancionado em 31/07, a advogada Alessandrine Silva relata a experiência da EMEF Prof. Waldir Garcia, em Manaus (AM), e descreve a importância da política de tempo integral nas escolas para o enfrentamento das desigualdades sociais e para o fortalecimento dos direitos das mulheres e das crianças. 

O Programa Escola em Tempo Integral foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira (31/07), em Brasília (DF). O objetivo da política pública, desenhada pelo Ministério da Educação (MEC), é ampliar as vagas em tempo integral nas escolas públicas de todo o Brasil.

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Além de autoridades e educadores, a cerimônia de oficialização no Palácio do Planalto também recebeu a ativista e advogada Ana Alessandrine Silva, que faz parte da comunidade escolar da EMEF Waldir Garcia, escola de referência em Educação Integral em Manaus (AM).

Reconhecida internacionalmente pelo projeto de Educação Integral que vai além da sala de aula, a Waldir Garcia acolhe uma comunidade diversa de estudantes, professores e famílias às margens do igarapé do bairro de São Geraldo, região de alta vulnerabilidade social da capital amazonense.

A ativista e advogada Alessandrine Silva na cerimonia de sanção do Programa Escola em Tempo Integral

A ativista e advogada Alessandrine Silva, à esquerda, de camisa branca, na cerimonia de sanção do Programa Escola em Tempo Integral em Brasília (DF).

Crédito: José Cruz/Agência Brasil

Em fala potente, Alessandrine destacou o papel da expansão da jornada para a garantia dos direitos das crianças e das mulheres, bem como para o enfrentamento das desigualdades sociais.

Leia, abaixo, o discurso na íntegra:

Bom dia,

Meu nome é Alessandrine Silva, sou ativista e advogada formada pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). Cumprimento todos os presentes em nome do querido presidente Lula, de modo especial o ministro Camilo Santana, a primeira dama Janja, toda a coordenação do Programa Escola em Tempo Integral, e todas as mulheres mães do país.

Hoje, falo na condição de mãe, mãe da Alice do Theodoro, e de tia do Miguel e da Hadassa, quatro crianças da minha família que estudam na Escola Municipal Prof. Waldir Garcia em Manaus, no Amazonas, qual a gestora escolar está aqui presente. Obrigada, diretora Lucia Cortez. 

Lá, nossa escola atua com a integralidade do ensino, compartilha os diferentes saberes: teatro, literatura, tecnologias, em meio ao nosso território amazônida; É plural, com crianças de pelo menos 5 nacionalidades, crianças com deficiência, indígenas, negras, imigrantes. 

Lá, as crianças fazem assembleias semanalmente para discutir a escola, e hoje estão em um seríssimo processo eleitoral de grêmio estudantil (para aprenderem desde cedo a respeitar a democracia). Lá os livros estão disponíveis, o tempo inteiro, a biblioteca não fecha, e lá não tem prova, mas ainda assim somos a escola mais bem avaliada nos índices municipais. 

Nossa escola é o futuro no presente, transforma as nossas vidas todos os dias, sem autoritarismo. Afinal, não é justo que enquanto o filho do rico aprende sobre autonomia, o filho do pobre precise aprender a bater continência. 

Presidente, o meu pai se chamava João, e assim como o senhor também precisou trabalhar desde muito cedo pra sobreviver. Não havia uma escola onde pudesse tomar café, almoçar, lanchar. Mas, como disse Carolina Maria de Jesus: “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome”. E, assim, o senhor está aqui, para nos ouvir e assegurar alimentação de qualidade para as crianças através desse programa.

É possível perceber que escola integral não é somente sobre horas a mais na escola, mas sobre fazer valer a lei de que criança é prioridade absoluta, e é dever de todos nós assegurar os seus direitos. 

Através da Rede Mães Amazonas acompanhamos por quase uma década as investidas contra os nossos direitos: quando uma mulher na política cai, caímos todas. 

E durante esse tempo, 6 em cada 10 famílias chefiadas por nós, mulheres mães, passaram fome. Foi cortado mais de 97% do investimento na Educação Infantil, foi atacado igualmente o programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar, não tivemos investimento em transporte escolar, assistência social, moradia, mas esse tempo acabou, vencemos a principal batalha contra o retrocesso e em defesa dos direitos das mulheres, mas ainda temos outras lutas para vencer, a conquista da educação integral é uma delas, e começa com esse programa. 

Essa Educação Integral representa para nós, mulheres mães, uma ferramenta de enfrentamento de desigualdades sociais. Foi por ter a escola de tempo integral que consegui me dedicar ao trabalho, porque não tem ninguém que dê emprego para mulher só durante meio período. 

É com essa política pública que, de modo imediato, nós mães conseguiremos sair para trabalhar de modo remunerado, fazer ciência, participar da política, e também ver nossos filhos não somente aprendendo sobre o mundo, mas ao lado dos profissionais da educação, do poder público, das comunidades e das nossas famílias construindo o Brasil do amanhã, sob uma perspectiva antirracista, antimachista, antilgbtfóbica, anticapacitista e decolonial. 

E é assim que conseguiremos retomar nosso país para todas as mulheres. 

Programa Escola em Tempo Integral é sancionado e abre nova oportunidade para Educação Integral 

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