Descrição de chapéu Coronavírus Ao Vivo em Casa

Para educação se recuperar no pós-crise, Brasil precisa de inovação, diz especialista

Ao Vivo em Casa contou com a participação de Tatiana Filgueiras, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna

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São Paulo

“Se as coisas voltarem exatamente como eram antes, vai demorar muito tempo para saldar essa dívida”, disse Tatiana Filgueiras, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna, durante o Ao Vivo em Casa, série de transmissões diárias promovidas pela Folha, que foi mediada pela repórter Angela Pinho.

Segundo ela, uma das formas da educação no Brasil sair rápido da crise é elaborar uma visão mais inovadora e com foco nas competências necessárias para se viver, trabalhar e constituir famílias no século 21.

“Precisamos saldar uma dívida com a desigualdade deixada para trás. Acho que esse chacoalhão é muito importante para rever, replanejar e desenhar uma escola para todos e entender que cada um tem uma necessidade diferente", afirmou.

Para sustentar sua tese, Figueiras citou dois exemplos na história. Um foi Uganda, que, após o genocídio que ocorreu em 1994, demorou de 8 a 16 anos para recuperar a educação, já que no país africano as políticas eram mais básicas e focadas na alimentação para crianças.

Um case de sucesso, citado por ela, foi Nova Orleans, nos Estados Unidos, que após o furacão Katrina, em 2005, conseguiu recuperar a educação em apenas dois anos -- o local contou com muita ajuda de voluntários. A cidade ainda conseguiu ir além e melhorar o sistema de ensino do que era antes do desastre natural.

A circulação do novo vírus provocou um fechamento generalizado e sem precedentes de instituições educacionais no mundo todo, afetando 1,3 bilhão de estudantes, o equivalente a 73% do total, segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). ​

Durante a conversa, ela também falou sobre a dificuldade de se educar crianças pequenas, de quatro e cinco anos, no período de pandemia. “Para elas, trazer conteúdos novos é um grande desafio”. Figueiras também pontuou que nessa faixa etária, além de ser quando a maioria é alfabetizada, é também quando elas passam a socializar, pois saem do microcosmo das famílias e começam a interagir socialmente.

Tatiana Filgueiras
Tatiana Filguerias, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna - Núcleo de Imagem

Enquanto isso não é possível, acredita que há vastos conteúdos disponíveis na internet e que estes pequenos são parte da geração Z, ou seja, que nasceram em frente às telas. “A tecnologia faz parte deles, para eles não há diferença entre o que está dentro ou fora da tela. Podemos pensar em formas para que esse tipo de aprendizado esteja disponível para eventuais próximos isolamentos sociais.”

A importância das competências socioemocionais também foi tema bastante frisado por Figueiras. Segundo ela, para os pais ajudarem as crianças precisam agir de forma semelhante como os comandos das aeromoças no avião: “adultos colocam as máscaras primeiro em si e depois nas crianças”.

“Acho que é um momento que muitos pais estão descobrindo a necessidade das competências socioemocionais e se não nos atentarmos a isso, não conseguimos ajudar nossas crianças”, disse.

Sobre uma declaração recente do ministro da educação Abraham Weintraub, que disse que não é papel do Enem corrigir injustiças, ela afirmou que não concorda com a visão dele.

“É dever de absolutamente todos nós de tentar corrigir desigualdades, sobretudo lideranças políticas e educacionais, sobretudo agora que sabemos que essa desigualdade vai aumentar, temos que triplicar nossos esforços para reduzi-la.”

A conversa, disponível no YouTube, é parte do Ao Vivo em Casa, série de lives (transmissões ao vivo) que a Folha estreou durante a quarentena.

Todas as quartas-feiras, as transmissões ao vivo vão trazer dicas de bem-estar e histórias de pessoas que, em meio à crise do novo coronavírus, vêm cultivando modos solidários de relacionar-se com as outras, extraindo da adversidade um novo sentido para a vida. Poder, Folhinha, Saúde, Mercado, Ilustrada, Turismo e Comida também terão entrevistas.

PROGRAMAÇÃO DAS LIVES

  • Segunda-feira

    Poder

  • Terça-feira

    Folhinha

  • Quarta-feira

    Saúde

  • Quinta-feira

    Mercado e Painel S.A

  • Sexta-feira

    Ilustrada, Turismo e Comida

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