“Os cursos de licenciatura deveriam ser como medicina, com obrigatoriedade de internato, aulas práticas”, disse Marina Gelman, diretora de novos negócios da Ânima, ao ser questionada sobre o cerco do Ministério da Educação (MEC) em torno do ensino a distância.
Atualmente, a maioria dos cursos de licenciatura é ofertada na modalidade EAD, sendo que boa parte é 100% a distância. Já o trabalho dos professores em educação básica é totalmente presencial. O desempenho dos alunos dessa graduação em avaliações do Enade é baixa. O ministro Camilo Santana, do MEC, informou que os recém-formados de licenciatura passarão por avaliação anual e não a cada três anos, como ocorre hoje.
Há em andamento uma audiência pública para a regulação do EAD em que o MEC colocou algumas diretrizes, aumentando a carga horária presencial em especial dos cursos ligados à saúde e licenciatura.
“Em 2017, houve a flexibilização desse mercado. Alguns anos mais tarde, o MEC se depara com um baixo nível de controle. É para se festejar a preocupação com a qualidade. Mas também radicalizar não ajuda, há muitas cidades que só tem cursos EAD e muitas pessoas, como mães, que só podem estudar a distância”, disse Marina.
A Ânima conta com um instituto para formação de professores, cujas metodologias foram inspiradas no modelo da Finlândia e desenvolvidas em parceria com a Fundação Lemann.
Resultado
As ações da Ânima operam em alta após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre em que a companhia apresentou como destaque a redução da alavancagem medida pela relação divida líquida/Ebitda, de 3,9 vezes para 3,4 vezes. Com isso, a companhia fica abaixo das cláusulas de compromisso financeiro (“covenant”) de 3,5 prometidas para o quarto trimestre.
“A geração de caixa foi o grande destaque, com um FCFE [fluxo de caixa livre] robusto atingindo R$ 183 milhões, impulsionado não apenas pela contínua redução de custos, mas também pela racionalização do capex [investimento] e melhoria da arrecadação. Como resultado, a alavancagem diminuiu”, destaca trecho de relatório do Citi.
Segundo Átila Simões, diretor financeiro da Ânima, o patamar do capex deve se manter disciplinado nos próximos períodos.
Questionado sobre novas operações de “sales and leaseback” (venda e aluguel de imóveis), o executivo informou que está aguardando melhora na taxa de juros, cuja tendência é de queda.