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Pandemia piora visão dos brasileiros sobre políticas de saúde, educação e meio ambiente, diz estudo

Pandemia piora visão dos brasileiros sobre políticas de saúde, educação e meio ambiente, diz estudo

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que a visão dos brasileiros sobre políticas nacionais de saúde, educação e meio ambiente piorou na pandemia. Em outros países, aconteceu o contrário: os cidadãos viram uma melhora.

O olhar é de quem sente na pele a mudança de planos. Yasmin Nunes Pereira precisou abandonar o curso de História e vender doces para ajudar a sustentar a casa.

“As contas não param de chegar, então, muitas pessoas escolheram trabalhar. Um abandono, eu acho que houve uma falta de esperança, uma falta de aporte para a gente passar por isso”, desabafou.

A vendedora Vitória Rocha trabalha o dia todo. Difícil conciliar a atenção e o cuidado com o filho de nove anos.

“Eu trabalho o dia inteiro, não posso ficar com ele. As crianças não tiveram muita educação porque aula online não ajudou muito, e a escola pública não tem ensinado o que a gente precisa para o futuro”, disse.

Essas não são opiniões isoladas. Os cidadãos brasileiros foram ouvidos sobre o impacto da pandemia na saúde, na educação, no meio ambiente e na atenção às crianças. Outros 40 países participaram da pesquisa com os mesmos temas. O resultado é que o Brasil está na contramão do mundo.

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, com dados internacionais, revela que a satisfação dos brasileiros com as políticas públicas piorou em todo o país. A insatisfação é maior entre os mais pobres.

Enquanto em outros países, apesar da pandemia, a percepção da população mais vulnerável é de melhora nos serviços de saúde e em políticas ambientais, no Brasil, os índices despencaram.

A desigualdade também é grande na área da educação, uma das mais afetadas pelo coronavírus. A piora do ensino é enorme no Brasil, e pequena no resto do mundo, e na questão da atenção às crianças o país também ficou para trás.

“A única maneira de ver o que é efeito da pandemia, o que é efeito de gerenciamento é comparar o Brasil com outros países e, quando a gente faz isso, a gente vê. Tudo é pior e tudo piora mais nos mais pobres do Brasil. Enquanto nos mais pobres do mundo, em 40 países, eles tiveram uma piora menor do que outros grupos, eles foram poupados pelas políticas públicas”, afirmou Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

O único ponto comum entre o Brasil e o resto do mundo é o vírus, causador de mortes, medo e incertezas no planeta. O que fez a diferença foi saber lidar com o inimigo.

“O inusitado da pandemia atravessou o mundo como um todo. Mas o que a gente vê é que a maioria dos países foi sensível a essa agenda, entendeu o tamanho do desafio e criou, com prontidão, respostas. O Brasil foi na contramão disso. Baixa empatia, indiferença com as vidas, negação da crise, negação da pandemia e, por consequência, puniu os mais vulneráveis, puniu os mais pobres e aumentou nossas desigualdades”, explicou o economista Ricardo Henriques.

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