Por G1 PE


Mais pobres e jovens foram mais afetados pela crise causada pela pandemia, de acordo com Sudene — Foto: Reprodução/TV Globo

A Covid-19 impactou diretamente a renda de 59% das pessoas do Nordeste, do Norte do Espírito Santo e de Minas Gerais, de acordo com um levantamento divulgado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O estudo foi encomendado para analisar os impactos da pandemia na área de atuação da autarquia.

"Há mais de uma década a Sudene não participava de ações de planejamento da região como um todo. Esse recorte é importante para sabermos de que forma essa parcela da população está sendo impactada. E vimos que principalmente os jovens adultos e os que já viviam com muito pouco foram os mais afetados", explicou o superintendente da Sudene, Evaldo Cruz Neto.

Ao todo, foram ouvidas cerca de 3,2 mil pessoas, entre os meses de janeiro e abril de 2021. Os entrevistados são de quatro grupos: entes governamentais e associações municipalistas, instituições de categorias profissionais, setor produtivo (produtores, empreendedores, formais e informais, e empresários) e sociedade.

Considerando os resultados por estado, os moradores do Piauí (79%), Ceará (65%) e do Norte do Espírito Santo (64%) foram os que mais indicaram ter perdido renda por conta da pandemia.

Na pesquisa com a população, foram analisados fatores como renda, emprego, acesso a programas sociais, hábitos de consumo, saúde e educação. Também foram abordadas questões como políticas governamentais e expectativas de retomada da economia.

De acordo com o levantamento, jovens adultos com idades entre 31 e 40 anos foram os que mais perderam renda. De todos os entrevistados nessa faixa etária, 67% foram afetados. Entre as pessoas que estudaram até o ensino médio, 60% delas foram impactados. Além disso, 60% das pessoas que recebem até um salário mínimo perderam renda.

A pandemia modificou a forma de trabalhar devido às restrições sanitárias para conter a contaminação. Por causa disso, 73% das pessoas entrevistadas afirmaram que tiveram que aprender alguma nova habilidade para continuar trabalhando.

Pessoas de até 30 anos (87%), as que estudaram até o nível superior (82%) e os que têm renda superior a cinco salários mínimos (83%) foram os que mais afirmaram ter aprendido novas habilidades.

As populações do Norte de Minas Gerais (97%), do Norte do Espirito Santo (84%), Piauí (82%) Rio Grande do Norte (80%) e Alagoas (80%) foram as que mais afirmaram terem desenvolvido novas habilidades.

A atuação do governo federal na superação da crise financeira também foi questionada. Para 58% dos entrevistados, a União deve auxiliar as empresas para gerar empregos. Além disso, 45% defendem que o auxílio emergencial seja mantido. O investimento em vacinas e acreditar na ciência é defendido por 44% das pessoas.

Com relação à expectativa de retomada da renda anterior à pandemia, 30% das pessoas acreditam que será necessário mais de um ano. Entre os que acreditam nessa possibilidade, a maioria é formada por adultos de 31 a 40 anos de idade (37%), pessoas com instrução até nível fundamental (32%) e com renda até um salário mínimo (33%).

Dados regionalizados

Evaldo Cruz Neto chefia a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) — Foto: Sudene/Divulgação

Nos últimos 10 anos, esta foi a primeira pesquisa realizada pela Sudene em todos os 1.990 municípios de atuação da autarquia. De acordo com o superintendente Evaldo Cruz Neto, a falta de estudos especificamente relacionados à região Nordeste compromete a adoção de estratégias conjuntas.

Ele apontou que, com base na pesquisa, é possível observar o agravamento da desigualdade social atrelada também à região onde as pessoas moram.

"Isso tudo atestou que as pessoas precisaram aprender uma nova atividade para continuar trabalhando. Isso foi mais comum para quem recebe de um até cinco salários mínimos, mas para quem recebe menos que isso, não. Quem tinha mais se adaptou muito mais fácil. E, por isso, políticas emergenciais são tão necessárias", declarou.

Outro ponto analisado pela pesquisa foi o crescimento do número de Microempreendedores Individuais (MEIs). Isso ocorreu principalmente devido às mudanças provocadas pela pandemia nas áreas de comércio e de serviços, com as plataformas digitais.

Segundo Evaldo Cruz Neto, a criação dos MEIs vai ao encontro a uma expectativa tanto de trabalhadores quanto de empregadores de que, passada a crise, os postos de trabalho do passado não existam mais.

"Quem tinha uma estrutura organizacional minimamente organizada tem sobrevivido de forma mais satisfatória. Quem está no início foi extremamente impactado. Micro e pequenas empresas aumentaram porque as pessoas não só não tiveram mais seus empregos, mas porque os cargos que havia antes podem não voltar. Quem não se reinventar vai ter dificuldades para voltar a trabalhar", disse o superintendente.

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