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Por Jornal Nacional


Pandemia muda relação entre pais, filhos e professores

Pandemia muda relação entre pais, filhos e professores

A pandemia do coronavírus mudou a relação entre pais, filhos e professores no Brasil. A dúvida de matemática aparece e logo chega o socorro.

“A dúvida é um pouco na divisão, que eu tenho um pouco de dificuldade, então eu sempre peço ajuda para os professores me ajudarem mais na divisão”, conta a aluna Olívia Marques, de 17 anos.

A volta para a escola, ainda que lenta e cheia de cuidados, ressalta o valor dessa troca com quem está perto: fez falta.

“Foi difícil porque passava lições, às vezes a gente não conseguia entender porque não tinha um acesso para falar com o professor, para tirar alguma dúvida”, conta o estudante Tiago Silva, 17 anos.

E o que a comunidade escolar tem enfrentado nesses meses de muita tela e isolamento está sendo objeto de estudo. A pesquisa do Datafolha encomendada pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures mostra como vem evoluindo o ensino online e agora híbrido na rede pública.

A quantidade de estudantes que receberam tarefas para fazer em casa aumentou de maio para setembro, chegando a 92% dos entrevistados. Mas o desânimo entre os alunos também cresceu: 54% estão se sentindo desmotivados.

Para não deixar que isso se transforme em queda de rendimento e desistência, uma escola estadual de São Paulo faz uma busca ativa: vai atrás dos alunos com dificuldades e conta com um "comitê de pandemia" criado pelos pais. Se depender deles, ninguém fica para trás.

"O interesse deles de perguntar para os alunos: 'ah, o boletim, como que vai ser a avaliação, como que vais ser essa prova, como que vai ser essa atividade'. Hoje já há uma preocupação maior, se esse aprendizado está ocorrendo ou não, se ele está ficando no joguinho ou não", diz a mãe Luciana Catula, integrante do conselho escolar.

Voltar é bom, mas esse período difícil em que a escola foi para dentro das casas também ensinou muito. Foi um curso intensivo sobre a importância do papel de cada um: alunos, professores e pais na jornada da educação. A pesquisa mostra que o que foi aprendido fora das salas de aula pode ser um legado importante nesses tempos de pandemia.

As carências são muitas: 59% das famílias ouvidas precisaram do auxílio emergencial, 42% disseram que a falta da refeição na escola pesa no orçamento. Mas a educação como alimento do futuro mobilizou. Em média, 51% dos responsáveis, como pais, mães, avós, dizem estar participando mais da educação dos estudantes do que antes da pandemia.

"Sempre pego no pé, não tem o que pegar no pé. Quando eu venho para a reunião então, sou a última até a sair da sala, porque eu quero saber tim tim por tim tim", conta Patrícia de Campos, mãe de alunos.

Segundo os autores do estudo, é preciso que governo e a sociedade apoiem as famílias mais pobres nesse esforço que estão fazendo.

“A pandemia realmente intensificou a necessidade dessa parceria, desse diálogo bem próximo. E não substituindo o papel dos professores, pelo contrário, porque o que os resultados mostram é que as famílias valorizam ainda mais o papel do professor quando estão juntos tentando apoiar os esforços da escola no ensino das crianças e adolescentes”, avalia Patrícia Mota Guedes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social.

Setenta e um por cento dos entrevistados hoje valorizam ainda mais os professores, mestres na arte de transformar tudo em sabedoria.

"Toda essa revolução que veio saiu muita coisa boa. Temos dificuldade? Muitas, muitas coisas a corrigir, mas muita coisa também a gente vai levar para a vida, para cada dia melhorar, para cada dia nos tornarmos pessoas melhores”, diz a professora Cássia Gonçalves.

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