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Palestina, Israel, racismo e machismo: veja o que caiu no Enem 2023

O primeiro dia de provas do Enem 2023 abordou temas sociais e atuais nas questões. Professores ouvidos pelo UOL afirmaram que o exame seguiu o nível de dificuldade de edições anteriores.

Quais temas apareceram no 1º dia

Palestina, história da mulher, racismo e escritores brasileiros foram citados em questões de linguagens e ciências humanas. Mais de 3,9 milhões de pessoas se inscreveram para o Enem 2023.

Os candidatos também precisaram fazer uma redação. O tema proposto foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil".

Os professores afirmaram que a maioria das questões trazia como texto base os temas da desigualdade de gênero, racial, preconceitos e violências.

Podemos dizer com segurança que foi a melhor prova do Enem dos últimos anos. Foi uma prova inovadora, que teve uma diversificação muito grande de textos, desde o português até a história, até a geografia, até a sociologia.
Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo

Uma das perguntas falava sobre a Declaração Balfour, que levou a criação do Estado de Israel. Em outro questionamento, o Enem abordou o antissemitismo no Brasil.

O enunciado e as questões que seguem são muito pontuais no sentido de, com base no enunciado, qual interpretação eu posso tirar? A interpretação mais cabível ali é que o texto reflete uma ação desse secretário [britânico] para criar legalidades no território palestino para os judeus, então ele é muito assertivo, ele não abre muita vazão para erro.
Natanael Soares de Barros, coordenador pedagógico do Poliedro

Para o professor de história Guilherme Freitas, da Escola Seb Lafaiate, as questões de ciências humanas estavam mais fáceis em relação as edições anteriores. "Uma prova mais interpretativa, com assuntos mais gerais, uma prova mais temática do que outros anos", afirmou.

Uma dessas questões também falava sobre a participação da primeira mulher trans nas Olimpíadas de Tóquio. Uma outra também abordava o sentido da palavra "casamento" no dicionário.

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Depois de três anos, o Enem voltou a abordar questões sobre a ditadura militar. Uma delas trazia o texto do colunista da Folha de S.Paulo Élio Gaspari sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog.

Uma segunda pergunta sobre esse período abordava também a relação da ditadura com sindicatos rurais. "No enunciado mostrou as ações dos militares para contribuir com a organização de um sindicalismo em que os militares pudessem controlá-lo ou pelo menos estar sob a ótica desses militares", afirma Barros.

A prova acabou tendo um nível de dificuldade semelhante a dos anos anteriores, porém cobrando habilidades bem diferentes. Essa prova exigiu muito mais um aluno pensante e muito menos um aluno que memoriza informações e tem um conhecimento enciclopédico.
Caê Lavor, diretor de avaliação do SAS Educação

Preconceito linguístico e escritores brasileiros

A escritora negra Conceição Evaristo e o escritor Itamar Vieira Júnior, vencedor do Prêmio Jabuti, também foram citados na prova. Um trecho de Torto Arado, obra de Itamar foi usado em uma das questões.

Havia muitos textos falando sobre preconceito linguístico, estava bem forte, mas trazia um preconceito linguístico também atrelado às questões de desigualdade social e racial no Brasil.
Vinícius Martins Beltrão, coordenador de ensino e inovação do SAS Educação

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Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, afirmou que o exame apresentou poucos gráfico e muitos textos. "A leitura dos textos é fundamental para estabelecer a relação entre a atualidade, entre os problemas sociais e os conhecimentos específicos".

As questões também cobraram do candidato um repertório sociocultural, segundo Ana Claudia Spirandelli, professora de linguagens das Escolas SEB. "A prova continha questões sobre a perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional, sobre as marcas da escravidão no texto de Olavo Bilac, sobre o racismo estrutural e também sobre expressões artísticas culturais", disse.

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