Artigos
PUBLICIDADE
Artigos

Colunistas convidados escrevem para a editoria de Opinião do GLOBO.

Informações da coluna

Artigos

Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

Por Ana Paula Pereira, David Saad e Felipe Nunes

É fundamental basear políticas públicas em evidências, especialmente quando se trata de educação. No caso do ensino médio integral, gestores e pesquisadores já reuniram uma série de estudos que comprovam impactos positivos não só para os estudantes, mas para a sociedade. Com o avanço do modelo nos estados nos últimos anos, sabemos agora que seus benefícios são percebidos e valorizados pela maioria da população.

Três em cada quatro brasileiros que têm filhos gostariam que eles estudassem em escolas integrais. Esse é um dos resultados da pesquisa “Percepções sobre a educação pública e o ensino médio no Brasil”, realizada pela Quaest em todos os estados. Com o apoio do Instituto Natura e do Instituto Sonho Grande, o levantamento revelou que 84% veem o modelo integral como positivo. Essa avaliação está associada a melhores resultados educacionais, à preparação para o mercado de trabalho e o ensino superior e a mais segurança para os estudantes.

A maioria (76%) dos entrevistados acredita que, atualmente, os governos investem menos em educação do que deveriam. Entre os que têm acesso ao ensino superior (completo ou não), a proporção é ainda maior (84%).

Em relação à avaliação dos alunos da rede pública, outra pesquisa recente — realizada pelo Datafolha e encomendada pelo Todos Pela Educação, em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande — concluiu que os estudantes em turno integral estão mais satisfeitos com a escola. Setenta e três por cento deles destacam que a escola os ajuda muito a pensar sobre seus próximos passos e a se preparar para o futuro após o ensino médio. Entre os que frequentam escolas regulares, esse percentual foi 57%.

É fácil explicar o motivo dessas afirmações: nas escolas integrais, os alunos têm a ampliação de espaços e tempos planejados intencionalmente para o desenvolvimento do protagonismo e do projeto de vida, fazendo com que tenham um maior sentimento de pertencimento e engajamento no ambiente escolar.

Complementar à percepção da população e dos estudantes, um levantamento recente produzido pelo Centro de Evidências da Educação Integral, do Insper, liderado pelo economista Ricardo Paes de Barros, mostra que o formato gera impactos positivos na aprendizagem e na renda dos estudantes, ao mesmo tempo que contribui com o desenvolvimento econômico do país no longo prazo.

O levantamento destaca que um estudante que cursa o ensino médio numa escola integral aprende duas vezes mais ao longo dessa etapa quando comparado a um da escola regular. Além disso, há maior taxa de conclusão da educação básica e do ensino superior e maior chance de ingresso no mercado de trabalho. Tais fatos possibilitam um acréscimo médio de 15% na remuneração de um indivíduo para o resto da vida. Enquanto isso, o ganho para a sociedade é de R$ 145 mil por estudante, montante seis vezes maior que o custo de implementação do modelo integral por aluno ao longo do ensino médio.

Após dois anos de pandemia, a escola em tempo integral pode ser uma solução para a recomposição da aprendizagem, além de promover maior interesse pelos estudos, pela trajetória profissional e pelo acesso ao ensino superior. Mas, para transformarmos a realidade desses jovens, a ação do poder público é crucial. Precisamos garantir, cada vez mais, o acesso e a permanência dos jovens na escola. A educação integral só tem a contribuir para isso.

*Ana Paula Pereira é diretora executiva do Instituto Sonho Grande, David Saad é diretor presidente do Instituto Natura, e Felipe Nunes é diretor da Quaest

Mais recente Próxima