Por g1 Pará — Belém


Estudantes tiveram atividades suspensas por falta de merenda escolar, denunciam pais. — Foto: Reprodução TV Liberal

Pais de alunos das redes municipal e estadual de ensino denunciam a falta de planejamento no retorno às aulas presenciais que, segundo a Secretaria de Estado de Educação, iniciaram no último dia 1 de outubro. Em menos de um mês do retorno às salas de aula, os alunos tiveram as atividades suspensas por falta de merenda escolar, afirmam familiares dos estudantes.

O filho da auxiliar de cabeleireira, Cynthia Carmo, tem quatro anos de idade e estuda na Unidade Municipal de Educação Infantil Perpétuo Socorro, no bairro do telégrafo, em Belém. Ela conta que as atividades do filho, que são de tempo integral, das 7h30 às 17h, foram reduzidas para o período de 10h Às 16h.

A mãe conta que a mudança repentina dificultou a rotina da família, que já tinha se reorganizado com a volta às aulas.

"Pra quem precisa trabalhar é difícil, porque não tem com quem deixar. Aí tem que se reorganizar novamente, já tava tudo certo. As crianças já passaram esse período todo dentro de casa e agora que voltaram elas estão com todo pique. Não faz nem um mês que voltaram e de novo vai ser suspenso por causa de merenda. Não sei o que está acontecendo", conta Cynthia.

Pais e alunos reclamam da falta de merenda em escolas públicas do Pará

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Estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Vera Simplício, no bairro do Telégrafo, não tiveram as aulas interrompidas, mas também têm sofrido com a falta de merenda escolar, afirmam os pais.

Lilian Mendes é assistente social, mas está desempregada. A moradora da Vila da Barca conta que trabalhou com filho a conscientização sobre a importância da merenda e sobre os direitos dele enquanto criança, mas a realidade que ele encontra dentro da escola é outra.

"Meu filho dizia que o lanche não era lanche, era almoço, por ser frango com macarrão e mingau. Era um lanche muito reforçado e a gente tá sentindo muito agora. Eu fiz um trabalho com ele de que esse é um direito dele, que ele precisa fazer esse lanche na escola, até pra melhorar o aprendizado. Só que depois de todo esse processo com ele, não tá sendo garantido", afirma.

Ela conta ainda que muitas crianças que estudam na Escola Vera Simplício são moradores da Vila da Barca e que a realidade delas foi bastante afetada pela crise provocada em meio à pandemia de Covid-19.

"Muita gente dentro da vila é autônoma e por conta da pandemia muita gente ficou desempregada e continua desempregada. As crianças estão sofrendo com reflexo dos pais estarem desempregados e não terem seus direitos garantidos", diz Lilian.

A falta de merenda escolar traz insegurança alimentar para os alunos, pois segundo a nutricionista Tais Veloso, a alimentação embasada em políticas públicas corretas traz saúde para os alunos.

"A alimentação escolar aplicada de forma correta, com as políticas publicas corretas traz saúde para aquela criança por meio de alimentos saudáveis seguros, em quantidades adequadas. Auxilia também no desenvolvimento daquela criança trazendo os nutrientes essenciais para que ela se desenvolva de forma correta", explica a nutricionista.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) se posicionou, por meio de nota, sobre as denúncias. Ela informou que uma nova remessa de merenda deve chegar ainda nesta segunda-feira (18) às escolas citadas.

Já sobre a situação das escolas municipais, a Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae) explicou, também por meio de nota, que a partir desta segunda (18) iria iniciar a entrega dos gêneros perecíveis e não perecíveis e que o abastecimento da alimentação escolar deve ser regularizado até a próxima quarta-feira (20).

A Fmae justificou o ocorrido dizendo que houve " intercorrências à aquisição de gêneros perecíveis e não perecíveis a serem distribuídos para as escolas da Rede Municipal de Ensino. E a Fundação enfrentou várias dificuldades no que diz respeito ao recebimento e posterior distribuição dos referidos gêneros".

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