Brasil
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Hugo Passarelli — De São Paulo


Priscila Cruz: atual governo traz perspectiva de queda para a próxima prova — Foto: Silvia Zamboni/Valor

A aprendizagem dos estudantes brasileiros ficou estacionada em 2018, completando uma década de estagnação pelos critérios do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No ano passado, a nota brasileira em leitura garantiu a 57ª posição entre 77 países; em matemática, o 70º lugar entre 78; e em ciências, o 66º posto de 78 avaliações. A prova foi aplicada em 79 países e regiões, incluindo membros e associados da OCDE, mas nem todos os resultados foram considerados válidos.

O exame é realizado de três em três anos com jovens de 15 anos. Entre 2015 e 2018, o Brasil mostrou leve melhora numérica nas três avaliações, mas a OCDE diz que a variação não tem relevância estatística. Além disso, as notas brasileiras seguem abaixo da média dos membros da entidade.

A entidade destaca que, embora as notas dos países estejam na mesma escala, a diferença entre uma e outra nem sempre indica uma disparidade significativa de aprendizagem. Em leitura, por exemplo, o Brasil atingiu 413 pontos, acima da Colômbia (412) e abaixo da Jordânia (419) e da Malásia (415). A OCDE considera que a nota brasileira é equivalente às destes três países.

O avanço lento também preocupa em um momento em que especialistas questionam a eficácia da ações do Ministério da Educação (MEC) comandado por Abraham Weintraub. “Mantida a rota adotada pelo atual governo, o que poderemos verificar, pela primeira vez, é uma queda no Pisa de 2021”, estima Priscila Cruz, diretora-executiva e cofundadora do movimento Todos pela Educação.

Segundo a especialista, as medidas anunciadas por Weintraub destoam das melhores práticas já conhecidas. “A militarização das escolas e a perseguição de professores estão rigorosamente na contramão do que os primeiros colocados fazem”, afirma.

“Sem um projeto de longo prazo, que pense na valorização dos professores, na atratividade da carreira (marca de todos países do topo e dos latino-americanos que mais avançaram) e na formação inicial e continuada dos profissionais é difícil ter boas expectativas”, diz Gregório Grisa, doutor em educação e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).

“Para isso precisaríamos de um MEC que participe mais do financiamento da educação básica, via ampliação da complementação do Fundeb, que coordene políticas com diretividade política e técnica, tudo que não vimos até agora”, completa.

Para Priscila, do Todos Pela Educação, é alarmante a falta de reação da sociedade em meio ao que classifica como uma gestão de protagonismo ideológico do MEC. “Essa violência que tem sido feita com o Brasil, contra a possibilidade de um país que possa crescer e distribuir renda, não tem sido debatida pelas elites do país”, observa.

A OCDE estabelece uma escala de proficiência de 1 a 6 para as três disciplinas e constatou que, no caso brasileiro, 43% dos avaliados ficaram abaixo do nível mínimo de conhecimentos nas três matérias. Na média da OCDE, o percentual é bastante inferior, de 13%. De modo inverso, apenas 2% dos alunos brasileiros ficaram no topo da escala de proficiência em ao menos uma matéria, contra uma média de 16% da OCDE.

O desempenho do Brasil no Pisa vem mostrando um aumento de desigualdade entre os alunos de diversos segmentos sociais, o que pode ser explicado pela recuperação das escolas particulares (veja reportagem abaixo).

Em 2018, os alunos com melhores condições socioeconômicas tiveram, na prova de leitura, nota superior em 97 pontos ante os mais vulneráveis. Em 2009, a diferença entre os dois extremos sociais era de 84 pontos.

“Esta desigualdade impacta a qualidade de vida e as economias local e global. Não há e não haverá desenvolvimento sustentável com tamanha desigualdade”, afirma Rosalina Maria Soares, assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho.

Ontem, o ministro da Educação atribuiu ao Partido dos Trabalhadores (PT) o baixo desempenho do Brasil. “O Pisa é de 2018, não tem relação com a gestão atual. Nem atribuiria ao [ex-presidente Michel] Temer, porque não deu tempo”, disse.

Há duas semanas, Weintraub também estimou que o Brasil ocuparia a lanterna da América Latina no Pisa 2018, o que não se confirmou. A nota brasileira de leitura no Pisa de 2018 foi de 413 pontos, acima das de Argentina (402), Peru (401), Panamá (377) e República Dominicana (340).

O Chile é o país da região com melhor desempenho. Em leitura, por exemplo, os estudantes chilenos obtiveram 452 pontos, o suficiente para garantir a 43ª posição, ainda assim inferior à média da OCDE, de 487 pontos.

O Valor apresenta a você a nova Globo Rural

O maior jornal de economia com a maior marca de agro do país

Mais do Valor Econômico

O colunista Sergio Chaia apresenta uma lista de itens para descobrir o quão importante você é na companhia onde trabalha e quais pontos merecem mais atenção

Você já fez um check-up para saber se é essencial à sua empresa?

Todas as informações necessárias estarão disponíveis nos informes das instituições financeiras

Como declarar conta corrente no Imposto de Renda 2024

Ebitda foi um prejuízo de R$ 462,9 milhões no quarto trimestre, em comparação com lucro de R$ 468,7 milhões ao final de 2022

Ebitda ficou negativo em R$ 332,9 milhões no último trimestre do ano passado, de R$ 43,2 milhões positivos um ano antes

Ebitda ficou em R$ 86,8 milhões no último trimestre do ano passado, alta de 37,8% sobre os R$ 62,9 milhões um ano antes

Os prêmios retrocedidos ficaram estáveis entre os dois períodos, ficando em R$ 744,2 milhões no último trimestre de 2023

No acumulado do ano, a companhia teve prejuízo de R$ 739,2 milhões, queda anual de 46,1%, e receita de R$ 27,38 bilhões, crescimento de 10,1%

Hapvida reduz prejuízo em 90,6% no 4º tri, na comparação anual, para R$ 29,9 milhões

A companhia ressalta que a transação faz parte de uma estratégia contínua de revisão de portfólio e alocação seletiva de capital

CCR fecha contrato para vender participação em empresa de fibra óptica, por R$ 100 milhões

Ainda em 2023, a Renova Energia teve receitas de R$ 227,8 milhões, um crescimento anual de 10,4%

Renova Energia tem lucro de R$ 125,8 milhões no 4º tri, queda anual de 83,2%

Operação foi concluída após a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)

Subsidiária da Totvs, TTS conclui compra da Ahgora HCM e Webtraining, por R$ 380 milhões