Em meu último artigo aqui na coluna, falei sobre o impacto do número de anos de estudo sobre a produtividade. Citei também que seria preciso oferecer uma educação com significado, capaz de dialogar com o mundo do jovem e de atender assim as novas demandas do século XXI. Mostrei que, quanto maior é a escolaridade de uma sociedade mediante a oferta de uma educação plena, maior a produtividade do país.

O Brasil começa a dar os primeiros passos na oferta de uma educação integral em tempo integral para o Ensino Médio – a chamada escola do jovem. Esse é o caso, por exemplo, da rede estadual de Pernambuco, que já possui metade das escolas de Ensino Médio em tempo integral e ocupa posição de liderança, juntamente com São Paulo, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Outra experiência bem-sucedida foi iniciada, há cinco anos, na rede estadual do Rio de Janeiro numa parceria do Instituto Ayrton Senna com a Secretaria de Educação daquele Estado, e que está sendo agora levada para Santa Catarina.

O caminho é longo, como nos ensina o próprio estado de Pernambuco. Foram treze anos desde a primeira escola com esse modelo – o Ginásio Pernambucano, iniciado ainda durante minha gestão como secretário de Educação. Foram cinco governadores para que Pernambuco saísse das últimas posições no ranking do Ensino Médio até ocupar a liderança, sendo um dos quatro estados a cumprir a meta do Ideb. Isso apenas reforça a necessidade de se manter a continuidade das boas políticas públicas, independentemente de governos, para que as mudanças em escala possam acontecer.

Entretanto, mesmo no caso de Pernambuco, há ainda um percentual significativo de jovens (14%) na faixa etária de 15 a 17 anos que não estudam e nem trabalham. Para esta faixa etária, Pernambuco ocupa, juntamente com os estados do Rio Grande do Norte e do Mato Grosso do Sul, a 4ª pior posição no ranking nacional de jovens conhecidos como “nem nem”.

Alargando agora para a faixa etária de 15 a 29 anos, o Brasil tem cerca de dez milhões de jovens nessa situação. E esse número, infelizmente, só faz crescer, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, o percentual de jovens “nem nem” foi de 22,5% para esta faixa etária, crescendo 2,5 pontos percentuais em relação a 2014 (20%) e 2,8 frente a 2005 (19,7%).

Portanto, o Brasil vai ter que lutar como um espadachim que deve esgrimir com os dois braços. Um deles para oferecer em escala uma escola de Ensino Médio com significado para o jovem, para que ele não só permaneça, mas aprenda. O outro braço terá como missão trazer essa geração “nem nem” de volta à escola, inclusive para que possa se preparar adequadamente para o mundo do trabalho. É, de fato, uma árdua e difícil tarefa, mas não temos escolha, se queremos uma nação plena de oportunidades.