Educação

Por Bruno Fontes, TV Globo


Inteligência emocional está entre as habilidades que deveriam ser ensinadas na escola

Inteligência emocional está entre as habilidades que deveriam ser ensinadas na escola

As oportunidades no mercado crescente de tecnologia têm, há um tempo, provocado um movimento de migrações de carreiras de pessoas que, anteriormente, se prepararam para profissões tradicionais, como direito, medicina e engenharia. Por causa disso, preparar os jovens para as novas oportunidades é um dos principais desafios da educação (veja vídeo acima).

Tem sido cada vez mais comum encontrar histórias de pessoas que estavam trabalhando numa profissão e que pediram demissão para entrar na área de tecnologia. Essa é a história de Marina Oliveira, de 25 anos, que se formou em direito em 2020, mas passou por uma transição de carreira.

(Até a sexta-feira, 11, o g1, o Bom Dia PE, o NE1 e o NE2 trazem reportagens com reflexões sobre a educação. Confira, mais abaixo, links das outras matérias.)

Ela se tornou UX Designer, termo que, do inglês, significa "design de experiência do usuário". Esses profissionais são responsáveis por estudar e formatar a experiência que uma pessoa vai ter ao acessar um site ou aplicativo.

Marina passou pela mesma experiência que, ano a ano, milhões de estudantes passam ao definir qual graduação cursar. Pela escola, sofreu pressão para escolher profissões tradicionais. Hoje, trabalha em casa, com o marido, que era engenheiro químico e também mudou de carreira.

"Foi uma virada de chave na minha vida. Me formei em direito em 2020, mas era como se eu não tivesse me encontrando profissionalmente. Tenho uma irmã que trabalha na área de tecnologia, ela é programadora, e ficava me incentivando muito a entrar nessa área", contou Marina.

Foi então que ela começou a estudar, inicialmente em casa. "Me matriculei numa faculdade de análise e desenvolvimento de sistemas e, no ano seguinte, já comecei a vislumbrar oportunidades", afirmou Marina Oliveira.

Marina Oliveira é UX designer — Foto: Reprodução/TV Globo

Um estudo mostra que 65% de todas as crianças do planeta que entraram na escola em 2018 vão ter empregos em profissões que ainda não existem. O cientista e doutor em ciência da computação Silvio Meira contou que o cenário de profissões, hoje, já é bastante diferente do que existia há algumas décadas.

"A demanda só cresce, e nós não estamos conseguindo, de jeito nenhum, criar competências o suficiente para atender a demanda. E não há nenhum sinal de que isso vá acontecer no futuro, porque a câmera que tá filmando agora é código. A imagem que está indo para o ar é código. A TV é digital. O elevador é código, o painel de controle é digital, o carro é controlado por software, o ônibus, o trem, o avião, o caminhão, a máquina de lavar roupa. E isso é só o começo", declarou.

A diretora presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), Lucia Dellagnelo, é preciso preparar os jovens para três grupos de conhecimento ligados à tecnologia. O primeiro é ligado à cultura digital, como sobre os impactos culturais, sociais, antropológicos da tecnologia em vários setores da sociedade.

Outro, que diz respeito ao mundo digital em si, é sobre o que é um algoritmo, uma placa-mãe de computador, como se constrói e como funciona uma rede Wi-Fi, por exemplo.

Marina desenvolve aplicativos e pensa na experiência do usuário — Foto: Reprodução/TV Globo

"E um outro grupo é ligado ao pensamento computacional. Que é mais ligado às habilidades mentais de resolução de problemas. Então, você precisa saber analisar um problema, decompor ele em partes, buscar a solução e, para depois, se você puder e quiser automatizar a solução para este problema, saber a linguagem de programação para que um computador lhe ajude ou lhe auxilie na solução daquele problema", explicou.

Essas novas competências do mercado exigem que os jovens passem por uma transição. Marina, por exemplo, não tinha experiência na área de tecnologia, mas foi contratada mesmo assim.

"Eu entrei sem conhecimento nenhum na área, como vários colegas meus, sem conhecimento também. E a maioria das empresas capacita as pessoas. Então, você entra na empresa e elas fazem um treinamento para que você esteja apto para seguir com os demais projetos que virão", disse.

Em Pernambuco, professores de 27 escolas estaduais foram treinados por uma ONG para ajudar os estudantes a enxergar possibilidades de trabalho no mercado atual. Alunos do ensino médio, com idades entre 15 e 17 anos, fazem o curso conectado com as oportunidades de tecnologia.

É o caso da Escola Estadual Lions Parnamirim, na Zona Norte do Recife. Os alunos fazem 10 horas de curso e recebem um certificado.

"Ele abre a mente da pessoa para a realidade. A gente tem uma visão bem ampla sobre, lá na frente, o que a gente pode querer. E eu já quero botar em prática, eu gosto de ser bem proativa em algumas coisas. Eu tenho uma perspectiva bem dinâmica, não gosto de ficar parada. Gosto de me movimentar sempre", disse a estudante Júlia Cintra, de 17 anos.

VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!