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Vida Pós-Vírus Coronavírus

Alunos de hoje serão formados em mundo revirado pela pandemia

Precisamos tirar lições e transformar a educação para transformar o país

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A inquietação entre os profissionais e especialistas em educação pela pandemia do novo coronavírus é justificável. Estamos vivenciando uma revolução à força, jamais imaginada, que levará o mundo a tomar caminhos diferentes, desde já e no futuro. A principal pergunta que precisa ser feita é: qual será a consequência de tudo isso?

Enquanto gestores de políticas públicas, trabalhamos para identificar as oportunidades dessa ruptura na sociedade. Precisamos tirar lições e transformar a educação para transformar o país.

Infelizmente, a educação brasileira, apesar de alguns bons exemplos, incluindo São Paulo, ainda se encontra estagnada no século passado. Enquanto o mundo viveu a revolução digital, ainda temos escolas com lousa de giz.

E aqui não se trata apenas de entregar tecnologia às escolas. Como pensamos claramente no planejamento estratégico da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para 2019-2022, estamos agindo com a conexão de vários programas, como o EducaSP, os novos currículos, o novo calendário, o Inova Educação, o Centro de Mídias com o ensino mediado por tecnologia e tantos outros.

Esse último é um dos exemplos que deve ser fortalecido e aprimorado. A pandemia nos deu a certeza da importância do Centro de Mídias para a transformação da educação paulista.

O contato social é parte importantíssima do aprendizado, principalmente de uma criança, mas a sociedade precisa entender de uma vez por todas o papel fundamental da tecnologia.

Não se trata de competição, mas, sim, de complementação fundamental. Ninguém vai substituir o professor simplesmente porque ele é insubstituível. Ninguém vai deixar de contratar professores necessários porque sem eles não existe tecnologia que faça uma criança ou um jovem aprender com propriedade.

Em um futuro próximo, teremos de saber como mesclar o mundo online e offline para garantir esse aprendizado. Aprender não vai ser sinônimo só de ir à escola, sentar na cadeira e ouvir o professor explicar com o auxílio da lousa. Aprender será resultado das constantes atividades em casa, na escola, no quarto, ouvindo ou assistindo aula por telas, fazendo anotações no computador, no celular ou no caderno de papel.

Professores também precisaram se reinventar durante a crise, alguns, inclusive, sendo edutubers. Produzir conteúdo é o foco principal.

As famílias também ganharam papel importante, pois, estiveram mais próximas de suas crianças e jovens neste período. Isso aumenta a sensação de responsabilidade com o futuro e abre caminho para descobertas.

Outro aspecto para se observar é a respeito dos profissionais que serão formados. Os estudantes do mundo inteiro acabaram prejudicados em 2020, mesmo em países de primeiro mundo. Mesmo no Brasil, onde São Paulo se destaca por ações rápidas para minimizar o problema, temos ciência de que nada substitui o ensino presencial.

É difícil imaginar como será o futuro dessa geração de crianças e jovens. Serão formados em um mundo revirado pela pandemia. O novo coronavírus mexeu também com seus destinos de alguma forma a partir do momento que mostrou ao mundo quão frágeis nós ainda somos.

Os alunos que hoje são afetados pela pandemia serão os médicos, gestores, programadores e tantos outros profissionais no futuro. O que esperar deles? Qual lição cada um carregará de tudo isso?
Não é difícil pensar que haverá interesse maior em ciências da saúde. Estamos sendo bombardeados com informações, e a cada dia somos lembrados da importância desses estudiosos. Da mesma forma não é difícil imaginar aumento de profissionais de tecnologia, área já em expansão.

O isolamento social nos mostrou que até mesmo empresas consolidadas não sabiam lidar com o mundo digital. O trabalho remoto chegou como uma avalanche, mas ninguém estava preparado. Precisamos formar gestores com um olhar diferente.

O Novo Ensino Médio abriu possibilidade para que possamos introduzi-los a seus destinos ainda na educação básica. Estamos no processo de adaptação, mas São Paulo é exemplo, com o Inova Educação, do que pode ser feito.

As disciplinas eletivas e um professor bem formado ajudarão estudantes na difícil escolha do seu projeto de vida. E, claro, estaremos atentos para fazer nossos alunos entenderem o que vivenciam agora para se tornarem profissionais de excelência do mundo pós-pandemia.

Rossieli Soares é secretário de Educação do estado de São Paulo

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