Por Marina Meireles, G1 PE


Dados da edição 2017 do Relatório Mundial das Drogas foram divulgados na Alepe nesta segunda (26) — Foto: Marina Meireles/G1

Entre os anos de 2009 e 2016, 739 novos tipos de drogas foram identificados pela Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade também contabiliza 1,6 milhão de pessoas usuárias de drogas injetáveis convivendo com o HIV e 6,3 milhões convivendo com a hepatite C devido ao consumo de drogas injetáveis. Os dados foram apresentados em uma sessão plenária na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no Recife, nesta segunda-feira (26), durante a divulgação da edição 2017 do Relatório Mundial das Drogas.

Normalmente divulgados em Brasília, os dados foram apresentados pela primeira vez em uma capital do Nordeste para marcar as ações estaduais do Dia Internacional de Combate às Drogas. De acordo com o chefe do escritório sobre Drogas e Crime da ONU, Rafael Franzini, havia 255 milhões de pessoas, entre 15 e 64 anos, consumindo drogas ilícitas em todo o mundo no ano de 2015, o equivalente a 5% da população mundial.

"O número se mantém estável em relação aos dados que obtivemos no último relatório, mas acreditamos que há muito mais usuários porque há países que não têm estudos gerais sobre o consumo nacional de drogas e isso dificulta a produção desse relatório", explicou.

Conhecido por destacar temas específicos a cada ano, o relatório de 2017 teve como tema a relação entre drogas, crime organizado, fluxo financeiro ilícito, corrupção e terrorismo. De acordo com o documento, as drogas consistem entre um quinto e um terço da renda do crime organizado transnacional. Ainda segundo a ONU, metade da renda do Talibã, grupo radical islâmico é gerada pelo comércio de drogas.

Sem dados específicos do Brasil, o relatório apontou as atuais preocupações da ONU em relação à usuários de todo o planeta, sendo uma delas o consumo de drogas injetáveis, que podem levar a outros problemas, como a transmissão de doenças como a Aids e a hepatite C.

A dona de casa Estela Maria de Azevedo, que perdeu o filho devido a uma crise de abstinência de drogas, compareceu à Alepe — Foto: Marina Meireles/G1

Apesar da ausência de dados nacionais, o relatório despertou o alerta para reforçar o trabalho de prevenção e de tratamento de usuários. "Isso tem que ser uma prioridade no Brasil e no mundo", comentou a dona de casa Estela Maria de Azevedo, que perdeu o filho há quatro meses devido a uma crise de abstinência.

Nesta segunda (26), ela compareceu à Alepe para acompanhar a divulgação dos relatório da ONU. "Meu filho conheceu as drogas aos 20 e tirou a própria vida aos 31. A dor é grande e eu sei o quanto esse tratamento pode ser importante", afirmou, emocionada.

Ações estaduais

Presente na reunião plenária, a secretária executiva de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, Márcia Ribeiro, ressaltou que, a nível estadual, as políticas de enfrentamento às drogas têm sido tratadas no âmbito multidisciplinar.

"Temos que pensar que o usuário de drogas muitas vezes está inserido em um contexto de vulnerabilidade por falta de acesso à educação, à saúde e à moradia. Por isso, estamos trabalhando em várias frentes para reduzir o consumo", disse, usando as escolas estaduais em tempo integral como um exemplo. "Estando na escola, o jovem tem menos chances de recorrer às drogas", afirmou.

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