Luana Génot
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Luana Génot
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Luana Génot


Não há dúvidas de que a inteligência artificial, ou IA, nas suas versões mais recentes, representa um conjunto de transformações que já estão otimizando processos. E, ao mesmo tempo, desafiando várias estruturas de emprego tradicionais. Não por acaso, muitas pessoas temem perder seus empregos, um sentimento é legítimo. Ao mesmo tempo, começar a integrar as ferramentas que usam esta tecnologia e descobrir formas interessantes para o uso pessoal e profissional pode ser um caminho para tornar esse convívio mais amigável.

Já tentou pedir receitas específicas a partir da combinação do que sobrou na geladeira? Também dá para criar protótipos para um negócio de forma muito mais rápida, sem precisar ter conhecimento sobre programação. Assim como fomos convertidos ao “zapzap” e aos smartphones, temos que encarar de frente essa onda de IA. Porém, cabe dizer que apropriar-se não significa ser acrítico às ferramentas e seu potencial de espalhar a desinformação, por exemplo.

Nesta semana, conversei com James Hairston, líder de política pública da Open AI. Ele realçou como tarefas operacionais, similares às operações matemáticas que eram feitas manualmente antes das calculadoras, estão sendo profundamente alteradas pela IA. Num cenário ideal, o acesso à programação por meio de linguagem natural, mais próxima a que usamos, abre as portas para um número maior de pessoas contribuir para o desenvolvimento tecnológico, diversificando as vozes e as perspectivas em processos de criação de conteúdo.

É óbvio que, por outro lado, sabemos que nem todo mundo tem acesso de qualidade à internet, o que cria um abismo entre discurso e prática para uma grande parcela da população.Quando questionado sobre quais características humanas podem ser potencializadas nesse cenário, Hairston é um entusiasta de que ela pode ajudar a retirar o peso da carga de competências técnicas antes necessárias para fazer uma série de tarefas. Assim, conforme as tarefas repetitivas são automatizadas, as competências humanas únicas ganham destaque. Ele aposta na tendência de uma valorização cada vez maior de habilidades socioemocionais, como criatividade, empatia e pensamento crítico.

No entanto, junto com essas oportunidades, surgem desafios significativos no mercado de trabalho e além. Um dos maiores é o combate aos vieses inerentes à tecnologia de IA. A IA, como é hoje, reflete as características sociodemográficas limitadas de seus criadores: predominantemente homens, brancos e sem deficiência, localizados de modo concentrado em regiões tecnologicamente avançadas, como a Califórnia. Esse viés pode influenciar não só o conteúdo gerado pela IA, mas também a forma como a ferramenta é utilizada e por quem.

A conscientização sobre esse aspecto é um primeiro passo importante, mas é crucial provocar mudanças que garantam uma inclusão mais ampla de perspectivas diversas no desenvolvimento e na aplicação da IA. Isso significa encorajar um espectro mais amplo da população a usar e desenvolver tecnologia de IA, garantindo que as futuras inovações beneficiem mais pessoas.

Outro desafio é a transição da força de trabalho. À medida em que a IA redefine papéis, a sociedade enfrenta a tarefa de requalificar trabalhadores. Isso requer investimentos em educação e treinamento, além de políticas públicas e regulações que apoiem os profissionais durante esta mudança que já está acontecendo diante dos nossos olhos.

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