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“O prêmio de Melhor ONG do Brasil deu visibilidade para a nossa instituição”

“O prêmio de Melhor ONG do Brasil deu visibilidade para a nossa instituição”

ONG Vocação foi destaque entre As 100 Melhores ONGs do Brasil, guia promovido por ÉPOCA e pelo Instituto Doar, e hoje colhe os frutos desse reconhecimento

ANAÍS MOTTA, COM EDIÇÃO DE ALEXANDRE MANSUR
28/11/2017 - 12h52 - Atualizado 28/11/2017 17h19
Representantes da ONG Vocação recebem o prêmio principal do Melhores ONGs 2017 (Foto: Rogério Cassemiro)

Formar educadores, desenvolver novas metodologias de aprendizagem e cidadania, capacitar lideranças comunitárias, inserir jovens da periferia de São Paulo no mercado de trabalho e mostrar que eles podem, sim, ser protagonistas de suas próprias vidas. Essa é a missão da ONG Ação Comunitária do Brasil, a Vocação, destaque do primeiro guia promovido por ÉPOCA e pelo Instituto Doar em agosto deste ano com as 100 Melhores ONGs do Brasil.

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Entre 29 de novembro de 2016 e 28 de fevereiro de 2017, 1.560 instituições se inscreveram para o guia. Destas, 150 finalistas foram selecionadas por uma comissão julgadora do Instituto Doar e do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e submetidas a uma avaliação baseada em cinco princípios gerais: causa e estratégia, representação e responsabilidade, gestão e planejamento, estratégia de financiamento e comunicação e prestação de contas. O primeiro lugar ficou com a Vocação, que hoje colhe os frutos do reconhecimento trazido pelo prêmio.

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“Depois de entrarmos para a lista das 100 Melhores ONGs do Brasil, nosso desempenho nas redes sociais melhorou, outras ONGs nos procuraram para trocar ideias e nos conhecer melhor e demos várias entrevistas”, conta Anadelli Soares, gerente de mobilização de recursos e do programa de inserção no mercado de trabalho da Vocação. “São os reflexos inerentes de uma maior visibilidade da organização.”

Em entrevista a ÉPOCA, Anadelli ainda comentou sobre o trabalho feito pela ONG e o número de pessoas beneficiadas pelos programas por ela promovidos, a importância do guia As 100 Melhores ONGs do Brasil para a rotina da Vocação e os planos da instituição para o futuro. “Por ora, buscamos aumentar a quantidade de atendimentos mantendo a qualidade dos resultados, já que a escalabilidade é um fator essencial para nós e para todo o Terceiro Setor. Os nossos próximos passos certamente seguirão nesta direção”, garante.

ÉPOCA – Como é o trabalho realizado pela ONG Ação Comunitária do Brasil, a Vocação? De que maneira vocês contribuem para mudar a vida das crianças e dos jovens da periferia de São Paulo?

Anadelli Soares –  Há 50 anos, nossa missão é construir, em parceria com organizações da sociedade civil, uma dinâmica social mais justa e igualitária, impactando efetiva e positivamente a vida das pessoas e suas comunidades por meio da formulação, implantação e disseminação de metodologias em que crianças e jovens fortaleçam seus projetos de vida. Os governos também são parceiros importantes na promoção dessas transformações sociais, já que, com seu apoio, é possível escalonar os atendimentos que fazemos e ganhar uma abrangência que influencia nas políticas públicas. Temos cinco programas que compõem nosso leque de atuação: Formação de lideranças, para alcançar um grande número de crianças, jovens e famílias, além de fortalecer a comunidade como um todo; Crê-Ser, que tem como principal ferramenta de transformação e cidadania a garantia dos direitos da criança (ao lúdico, à participação, à cultura e à informação); Preparação para o trabalho, que fortalece e desperta vocações, promovendo a inclusão social e autonomia dos jovens; Inserção no mercado de trabalho, que por meio de programas como o Jovem Aprendiz, por exemplo, forma e insere essa população em postos de trabalho mais dignos; e Desenvolvimento integral, que engloba todos esses programas e é a evolução da atuação dos programas da Vocação.

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ÉPOCA – Quantas pessoas já foram beneficiadas a partir da atuação da Vocação? Como a ONG angaria recursos para promover essas atividades de transformação social?

Anadelli – Em 2016, alcançamos a marca expressiva de 12.448 atendimentos nos cinco programas sociais da Vocação. O público atendido em cada um dos programas pode ser conferido com detalhes em nosso relatório de atividades anual, disponível em nosso site www.vocacao.org.br. Quanto aos recursos, buscamos a diversificação das fontes de captação para minimizarmos os impactos das turbulências do mercado. Contamos com os recursos incentivados, as doações diretas de pessoas físicas e jurídicas, os programas Jovem Aprendiz e Nota Fiscal Paulista, o Brinde do Bem, uma operação que reverte 100% de seu resultado para os nossos programas sociais, os editais nacionais e internacionais, alguns eventos periódicos que fazemos, entre outros. Os valores arrecadados e a forma de aplicação dos recursos podem ser consultados no balanço e na posição de auditoria externa, que também estão publicados em nosso site.

ÉPOCA – E qual é o papel do governo de São Paulo nessa captação de recursos? A Vocação recebe algum tipo de auxílio ou ainda falta apoio financeiro por parte da prefeitura?

Anadelli – Para a Vocação e para todo o Terceiro Setor, é fundamental que o governo realize  os seus processos de aprovação de projetos, publicação de editais, convênios e liberação de recursos incentivados de forma clara e dentro dos prazos previstos. Quando ocorrem atrasos nesses processos, a realização dos projetos é afetada e o público atendido também. As alterações nas regras de liberação de recursos neste ano também influenciam diretamente nos projetos e nas atividades realizadas. O que percebemos nos últimos anos é uma redução do número de atendidos em geral e o fechamento de ONGs que não conseguem fazer frente a essas constantes mudanças nas regras do jogo. Todos os atores do Terceiro Setor precisam ser ouvidos e as decisões têm de ser ponderadas considerando todos os impactos, principalmente para as pessoas atendidas, que são as mais vulneráveis.

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ÉPOCA – Em agosto deste ano, a Vocação foi destaque do primeiro guia promovido por ÉPOCA e pelo Instituto Doar, em que estão listadas as 100 Melhores ONGs do Brasil. De que maneira essa primeira colocação mudou a vida e a rotina da ONG?

Anadelli – Neste ano, a Vocação completou 50 anos e realizamos um evento para comemorar esse importante marco com nossos apoiadores. A premiação deu um toque adicional, muito especial, a nossa comemoração. Depois de sermos destaque na lista das 100 Melhores ONGs do Brasil, percebemos que fomos procurados por mais pessoas interessadas em se voluntariar, nosso desempenho nas redes sociais melhorou bastante, outras ONGs nos procuraram para trocar ideias e nos conhecer melhor, demos várias entrevistas para diferentes meios de comunicação. São os reflexos inerentes de uma maior visibilidade da organização. 

ÉPOCA – Para a Vocação e para todas as ONGs de forma geral, esse tipo de reconhecimento é importante? O que uma nomeação de destaque como essa pode render para vocês como instituição e para o público que vocês auxiliam diariamente?

Anadelli – O reconhecimento é fundamental para que o público em geral tenha referências para conhecer e acompanhar as organizações sociais. A existência de parâmetros comparáveis entre diferentes tipos de organizações sociais e de diferentes portes facilita a escolha do apoiador quando ele fica em dúvida, e o prêmio acaba sendo o fator de desempate em muitos casos. A Vocação e as ONGs em geral não têm muitos recursos para divulgação da marca, então ganhar os prêmios de Melhor ONG de Educação e Melhor do Brasil possibilitou uma visibilidade incrível para a nossa instituição. Muitas empresas e pessoas comuns tiveram o primeiro contato com a Vocação após a divulgação da premiação. Os quesitos avaliados – gestão, transparência, governança, prestação de contas e causa – são extremamente relevantes para quem apoia organizações sociais, tanto as empresas como as pessoas físicas. A premiação está facilitando a nossa prospecção de novos apoiadores, porque ser destaque nesses quesitos é um diferencial muito importante no momento de captar recursos.

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ÉPOCA – E, a partir de agora, quais são os planos da Vocação? A ONG planeja fazer alguma atividade diferente ou promover um novo tipo de ação?

Anadelli – A Vocação realizou seu último planejamento estratégico em 2013 e até 2018 temos uma diretriz muito clara do que fazer e como fazer para chegar lá. O que estamos fazendo, e o prêmio veio neste exato momento, é uma releitura de nossa forma de comunicação com os apoiadores, pessoas e empresas. Desde que mudamos a nossa marca fantasia de Ação Comunitária do Brasil para Vocação, não havíamos feito nenhum trabalho de posicionamento de marca. Fazer esse trabalho, com dois prêmios na mão, é gratificante. A estratégia de comunicação ganha um reforço de peso. Por ora, a Vocação busca o aumento da quantidade de atendimentos mantendo a qualidade dos resultados, já que a escalabilidade é um fator essencial para nós e para o Terceiro Setor em geral. Os nossos próximos passos certamente seguirão nessa direção.








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