O discurso e a prática na Educação; leia análise

O professor vocacionado tem, antes de tudo, consciência da sua importância, orgulho do seu trabalho, e encontra nos estudantes a motivação intrínseca que o leva a superar os tantos obstáculos que a realidade brasileira impõe

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Por Daniel de Bonis
Atualização:

Em muitas ocupações na economia moderna são comuns as queixas de profissionais que sofrem pela ausência de um propósito maior no seu trabalho. A docência não é uma delas. O professor vocacionado tem, antes de tudo, consciência da sua importância, orgulho do seu trabalho, e encontra na sua interação com seus estudantes a motivação intrínseca que o leva a superar os tantos obstáculos que a realidade brasileira impõe. 

Apesar disso, no Brasil temos uma dívida secular com nossos professores. A maior parte deles se forma em cursos de educação a distância, muitos de qualidade discutível e pouca conexão com a prática de sala de aula. Nas carreiras públicas, faltam oportunidades e incentivos para o seu desenvolvimento profissional, bem como acolhimento para as questões de saúde física e mental. 

Mariana Silva Barros e Leila Aparecida da Silva fotografadas para o projeto do Instituto Península para celebrar o Dia do Professor; organização selecionou docentes das cinco regiões do País Foto: Sergio Santoian

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Felizmente, há luzes apontando o caminho. Demos o primeiro passo para a garantia de qualidade docente com a aprovação, pelo Conselho Nacional de Educação, da Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores. Reestruturar as carreiras públicas nos Estados e municípios, criando incentivos para o constante desenvolvimento profissional e oferecendo apoio e formação continuada de qualidade, deve ser outra prioridade absoluta.

Por fim, a carreira docente precisa ser atrativa para os jovens, o que passa por questões materiais, sem dúvida – o salário médio do professor no Brasil está mais distante das demais profissões de formação superior do que em outros países –, mas também simbólicas. Professores não deveriam ser vistos nem como “coitadinhos”, nem como supostos “doutrinadores ideológicos”, e sim como profissionais – e como tais, merecedores do nosso respeito, reconhecimento e valorização. No discurso e, principalmente, na prática.

*DIRETOR DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA FUNDAÇÃO LEMANN

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