Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Deirdre Nansen McCloskey

O custo de oportunidade

A invenção simultânea na arte e na ciência é interessante porque sugere que a hora era propícia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A invenção simultânea na arte e na ciência é interessante porque sugere que a hora era propícia. O caso mais famoso na matemática é a invenção simultânea do cálculo no final do século 17 por Newton e Leibnitz. Na literatura, o exemplo é a invenção simultânea no início do século 20 da narrativa do fluxo de consciência, como por Joyce, Woolf e Faulkner em inglês e, sem dúvida, também em português.

Na economia, o exemplo é a invenção, na década de 1870, por três economistas –britânico, austríaco e franco-suíço–, do "custo de oportunidade". O entendimento mais antigo de custo e benefício era retrógrado, olhando para o "conteúdo" laboral das coisas. A teoria do trabalho fundamenta como as crianças pensam sobre o preço justo e sobre a injustiça da recompensa aos inventores e outras pessoas ricas. Se o valor são as horas de trabalho incorporadas, apenas o esforço do trabalho gera valor. Enforquem os banqueiros. Expropriem o Beto Sicupira, se conseguirmos tirá-lo da Suíça.

A teoria do trabalho é calorosa em espírito, mas errada cientificamente. O "marginalismo" da década de 1870 é pouco atraente, frio, mas correto. A economia não trata de justiça ou injustiça do passado, mas de decisões sobre o que fazer a seguir. O passado se foi, está acabado, congelado, imutável. Mas podemos mudar o futuro por meio de cálculos frios em nossas decisões "marginais".

E daí? Por um lado, isso produz uma das poucas regras práticas que um economista pode dar aos empresários. Não atribua custos fixos do seu negócio, como aluguel do local, a parte alguma. Você deve pagar o aluguel ou pagar o empréstimo, não importa. Como a luz do sol ou a existência do universo de Deus, o custo fixo não tem custo de oportunidade presente. Mas sua decisão de contratar outro trabalhador sim, e deve ser friamente calculada "à margem".

Por outro lado, o marginalismo mostra por que muitas políticas públicas são idiotas. Por exemplo, dar dinheiro público para manter empresas no Recife tem um custo de oportunidade atual de, digamos, gastá-lo em educação primária para a população de Recife, que eles podem usar para emigrar para o Rio. E de qualquer maneira dar dinheiro para lugares é idiota. É com as pessoas que nos preocupamos, não com a sujeira. Dar dinheiro para a sujeira não "coloca as pessoas para trabalhar". Tem o custo de oportunidade de outra linha de trabalho. No Rio.

O custo de oportunidade diz: "Não seja idiota". Difícil.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.