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O que a Folha pensa

Nunes precisa entregar resultados na educação de SP

Maior metrópole do país tem taxas precárias de aprendizagem; gestão privada e ensino integral podem melhorar indicadores

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Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo - Gabriela Biló/Folhapress

Dentre os desafios de Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, em seu segundo mandato está o aprendizado no ensino fundamental.

Afinal, é constrangedor que a maior metrópole do país apresente maus resultados nessa etapa, ainda mais diante da situação favorável do caixa da administração municipal —a receita no Orçamento deste ano é de R$ 125,6 bilhões; quando Bruno Covas (PSDB) assumiu a gestão anterior, em 2021, eram R$ 86,8 bilhões (corrigidos pela inflação).

Em entrevista à Folha, o secretário de Educação, Fernando Padula, mantido no cargo após a reeleição de Nunes, afirmou que esse será o foco da pasta e se comprometeu a levar a gestão privada para as 50 escolas mais vulneráveis da capital e universalizar o ensino de tempo integral na pré-escola, que atende crianças de 4 e 5 anos, e nos 1º e 2º anos do ensino fundamental até o fim de 2028.

As medidas são bem-vindas porque já passa da hora de a prefeitura mostrar avanços nos indicadores de aprendizagem.

Segundo levantamento do Ministério da Educação, 37,9% dos estudantes de 7 anos de idade da rede paulistana estavam alfabetizados em 2023. São Paulo ficou na vergonhosa 21ª posição entre as capitais, bem abaixo da média nacional (56%). Fortaleza (74%), Curitiba (70,4%) e Goiana (66,6%) conquistaram o topo do ranking.

Na avaliação mais recente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2023, a nota dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) foi de 5,6 —ante 5,7 em 2021 e 6 em 2019. O resultado foi novamente abaixo da média brasileira (5,7) e pior que o de cidades bem mais pobres, como Teresina e Rio Branco, ambas com 6,4.

A parceria público-privada indicada por Padula pode contribuir para a eficiência na gestão das escolas, que precisam ser selecionadas a partir de diagnósticos que atestem baixos índices de aprendizagem e contexto socioeconômico mais vulnerável.

Sobre o ensino integral, estudo da USP divulgado em 2024 mostra que, nas escolas estaduais de São Paulo que implantaram o modelo, os estudantes do 5º e do 9º ano do ensino fundamental tiveram alta de 35% na obtenção de conhecimento em matemática e de 26% em língua portuguesa.

Problemas de aprendizado nas primeiras etapas do ensino geram uma reação em cadeia nefasta por toda a vida acadêmica do alunado, contribuindo para a repetência e a evasão escolar.

A prefeitura precisa aproveitar o caixa em ordem para tomar as rédeas da educação na capital e alcançar melhores indicadores.

editoriais@grupofolha.com.br

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Comentários

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Ricardo Knudsen

1º.fev.2025 às 10h28

Gestão privada é a confissão da incompetencia do prefeito em sua gestão e o desperdício de dinheiro público. Pagarão a terceiros o q já se paga a funcionários públcos pra fazer. Em vez de criar políticas, propor métodos e treinar seus funcionário, a gestão do bozista vai queimar dinheiro público. Vergonhoso.

GERALDO DOS JUNIOR

31.jan.2025 às 17h08

Editorial que só comprova que a Folha tem lado e nunca é dos mais pobres, dos trabalhadores, e olham a educação somente com o viés do lucro imediato. Aliás, nenhuma crítica ao governo Nunes, responsável pelos baixos índices de alfabetização. E o elogio ao plano de privatização comprova mais uma vez que nossa elite nunca pensou estrategicamente numa educação pública de qualidade.

Alina Soares e Rodrigues de Oliveira

31.jan.2025 às 11h36

Muito infeliz a matéria revelando apenas um lado da história. E o lado dos profissionais da educação, que estão no cotidiano escolar enfrentando inúmeros desafios? Como os efeitos da pós pandemia, o aumento da vulnerabilidade social, desvalorização da classe,salas superlotadas, falta de profissionais, aumento da inclusão, sobrecarga burocrática, falta de política pública que integre a educação, saúde e assistência social, dentre outros tantos fatores