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Novo titular do MEC é pastor da igreja presbiteriana e fez carreira pautada na gestão da educação

Advogado e ex-vice-reitor da Universidade Mackenzie, Milton Ribeiro é defensor da liberdade religiosa, inclusive a de não ter religião
O pastor Milton Ribeiro durante palestra Foto: Reprodução
O pastor Milton Ribeiro durante palestra Foto: Reprodução

SÃO PAULO. O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro , 62 anos, pastor da igreja presbiteriana, é defensor da liberdade religiosa, inclusive da liberdade de não ter religião. O tema é tratado no livro 'Liberdade religiosa, uma proposta para debate, lançado em 2002. "A liberdade religiosa compreende até mesmo a liberdade de não crer, de não ter uma religião”, escreveu. Sua carreira, porém, é mais pautada na gestão da educação do que no debate de ideias.

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Advogado, ex-professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi vice-reitor da instituição e tem experiência de mais de 12 anos na gestão da educação. Hoje, é um dos integrantes do conselho do comitê gestor da instituição e sua passagem pela reitoria é lembrada pelo desenvolvimento dos cursos de pós-graduação e especialização, uma das marcas da Mackenzie no mercado.

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Pastor há 25 anos, há quase 20 está à frente da igreja presbiteriana Jardim de Oração, em Santos, litoral paulista. Também dentro da igreja atuou como educador, como professor do Seminário Presbiteriano de Campinas.

É visto como extremamente pragmático, correto e dedicado ao trabalho. Dentro do conselho da universidade, que cultiva o liberalismo, é o responsável por chamar a atenção para questões sociais, como a desigualdade e a pobreza, e valores cristãos, como a solidariedade.

É também visto como uma pessoa plural, preocupada com a ética e a dedicação ao trabalho. Cobra horários e compromissos. Em alguns temas, segue a risca preceitos religiosos, como no caso de drogas e aborto, nos quais a igreja se posiciona claramente contra. Não enrola e nem é prolixo. Vai direto ao ponto. Nos relacionamentos individuais, costuma dar a apoio e conselhos a professores em dificuldades na vida pessoal.

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Num culto transmitido para os fiéis em 24 de maio passado, visto por cerca de 930 pessoas, Ribeiro falou sobre Pôncio Pilatos, que não interveio para evitar que Jesus fosse condenado à morte. "Essa questão de governantes indecisos atrapalha a vida de todo o povo", afirmou. Sobre a Covid-19, disse estar tomando todos os cuidados, mas que "não é o esforço dos homens e dos cientistas que vai fazer com que o mundo melhore, é a ação de Deus."

Considerado extremamente correto, integra desde junho de 2019 a Comissão de Ética da Presidência da República. A comissão é presidida pelo advogado Paulo Henrique dos Santos Lucon, indicado por Frederick Wassef, ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro e que abrigou Fabrício Queiroz numa casa de sua propriedade em Atibaia . Perguntado sobre Queiroz, o advogado dizia que não sabia onde ele estava.

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O currículo de Ribeiro é extenso. Tem título de mestre em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e de doutor em educação pela Universidade de São Paulo. No conselho deliberativo da instituição, atua principalmente na comissão de assuntos educacionais. É bacharel em Teologia e especialista em Velho Testamento pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Integra ainda a Junta Regional de Educação Teológica de Campinas.

A primeira fala do novo ministro da Educação foi por rede social.

"Sei da responsabilidade da missão. A educação transforma vidas; transforma uma nação. É hora de um verdadeiro pacto nacional pela qualidade da educação em todos os níveis. Precisamos de todos: da classe política, academia, estudantes, suas famílias e da sociedade em geral. Esse ideal deve nos unir", escreveu Ribeiro no Twitter.