Rio Bairros

Novas gerações exigem medidas mais sustentáveis em escolas do Rio

Em oficinas, alunos criam carrinho movido a energia solar, horta vertical e sistemas de irrigação
Alunos do colégio CEAT trabalham em carrinho movido a energia solar no "Espaço Maker". Da esquerda para direita, Lays Peçanha, Julian Berg e Luca Novello Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Alunos do colégio CEAT trabalham em carrinho movido a energia solar no "Espaço Maker". Da esquerda para direita, Lays Peçanha, Julian Berg e Luca Novello Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

RIO — Foi graças à mobilização de uma aluna de 9 anos que a Escola Nova aboliu os canudos de plástico em 2018, antes mesmo da Lei Estadual 6.458, promulgada em janeiro deste ano. Cada vez mais os estudantes têm exigido práticas sustentáveis das instituições de ensino. Os alunos do 5º ano estipularam a pegada de CO2 de cada família da escola em um projeto conjunto das disciplinas de ciências e matemática.

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Ao buscar medidas para reduzir sua pegada ecológica, os estudantes pensaram o projeto Carona Solidária. Foi criada uma página no Facebook fechada para os pais, para que possam trocar horários e trajetos. Segundo a coordenadora de série Thais Rossato, dez famílias já aderiram à ideia de forma regular, e os pais frequentemente pedem ou oferecem caronas em ocasiões pontuais. Além disso, Thais diz que o o bicicletário da escola tem ficado mais cheio. Para ela, o projeto motivou os alunos a entenderem que certas ações fazem a diferença.

As mães Germana Rocha e Daniella Assis, que participam do projeto Carona Solidária da Escola Nova, com seus filhos Foto: Divulgação
As mães Germana Rocha e Daniella Assis, que participam do projeto Carona Solidária da Escola Nova, com seus filhos Foto: Divulgação

— É uma lição de coletividade. Meus filhos estão vendo na prática desde pequenos que eles precisam ajudar uns aos outros, que ninguém vive sozinho — conta Germana Moura, que tem dois filhos no colégio e durante a semana se reveza na direção com outra mãe do mesmo condomínio.

Germana conta que no começo as crianças reclamaram, mas já se tornaram amigas dos vizinhos.

Mão na Massa

No Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), em Santa Teresa, os alunos do ensino médio aprendem sobre hidráulica, marcenaria e engenharia no Espaço Maker. Eles têm liberdade de fazer seus próprios projetos na oficina, com orientação do professor João Carneiro.

O estudante do 2º ano Luca Novello quis montar um boneco vudu para presentar um professor em seu aniversário, de brincadeira. Já os alunos Tomás Faria e Lays Peçanha preferiram se engajar em um projeto de construção de casinhas para alocar livros de doação. Elas serão fixadas em diversos pontos da cidade.

Alunos Julian Berg e Tomás Farias, do 2° ano do E.M., trabalham em oficina de projetos manuais do CEAT Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Alunos Julian Berg e Tomás Farias, do 2° ano do E.M., trabalham em oficina de projetos manuais do CEAT Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

A madeira usada nos projetos é reaproveitada, material sobressalente de construções.

Um carrinho movido a energia solar está em fase de finalização pelos alunos. Eles mesmo projetam os circuitos que serão conectados às baterias e estão montado a estrutura. Na prática, é um aprendizado sobre elétrica e física.

O Ceat também é cercado por hortas orgânicas, cuidadas pelos próprios alunos. O espaço das grades do colégio é aproveitado para o plantio de temperos usados na cozinha do colégio.

— Nossa escola nasceu em um contexto de adversidade, durante a ditadura militar. E se engajar sempre foi uma forma de resistir. Aqui nós ensinamos que o indivíduo contribui para o todo desde cedo— conta a professora Marcele Rocha.

Professor João Casemiro com horta vertical projetada por alunos do E.M. do CEAT Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Professor João Casemiro com horta vertical projetada por alunos do E.M. do CEAT Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Já no Colégio Santo Inácio, os alunos se envolvem diretamente com a natureza na reserva de cinco mil metros quadrados da Mata Atlântica da instituição.

O espaço conta com minhocário, estufa para cultivo de plantas nativas, cactário e tanque de compostagem de resíduos orgânicos. Para os alunos do 9º ano do ensino fundametal ao 2º ano do ensino médio, sustentabilidade é uma disciplina obrigatória do currículo.

Ana Clara Langenegger, aluna do colégio Santo Inácio e monitora na disciplina de sustentabilidade Foto: Divulgação
Ana Clara Langenegger, aluna do colégio Santo Inácio e monitora na disciplina de sustentabilidade Foto: Divulgação

Mas alguns alunos desejam ir além. Ana Clara Langenegger, do 2° E.M., faz cartazes de conscientização, ajuda a medir a adequação térmica de cada sala e traz seu lixo orgânico de casa para compostar no colégio. Ela também é monitora na aula de sustentabilidade.

*Estagiária, sob a supervisão de Milton Calmon Filho

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