Rio

'Nossas crianças estão derramando sangue sobre lápis e cadernos', diz mãe de Realengo

Adriana Silveira perdeu filha em tragédia dentro de escola há seis anos

Presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Silveira critica demissão de porteiros e argamassa em paredes de escolas
Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Silveira critica demissão de porteiros e argamassa em paredes de escolas Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

RIO - Presidente da Associação Anjos de Realengo, que reúne pais de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, onde 12 crianças foram assassinadas e outras cerca de 40 ficaram feridas durante um ataque feito por um ex-aluno em 7 de abril de 2011, Adriana Silveira criticou a falta de segurança nos colégios públicos e disse que reforçar muros de escolas com argamassa especial, como quer o prefeito Marcelo Crivella, não é solução para o problema. Ela lamentou a morte de mais uma criança, a estudante Maria Eduarda Alves, de 13 anos, atingida por três tiros de fuzil dentro da Escola Municipal Daniel Piza, em Fazenda Botafogo. E denunciou que, após três anos da morte dos 12 jovens em Realengo, todos os 3 mil porteiros contratados pela prefeitura para controlar o acesso às escolas foram demitidos.

“Maria Eduarda morreu num âmbito de total falta de segurança. Nossos filhos vão para a escola e não sabemos se voltam”

Adriana Silveira
Mãe de criança morta na tragédia de Realengo

— Maria Eduarda morreu num âmbito de total falta de segurança. Nossos filhos vão para a escola e não sabemos se voltam. Ela estava dentro de sua escola, como aconteceu na Tasso da Silveira. E lugar de criança é na escola. Nossas crianças estão derramando seu sangue sobre lápis e cadernos — lamentou Adriana.

Adriana criticou a falta de segurança nas escolas do município:

— As portas das escolas voltaram a ficar abertas. Há 3 anos, os 3 mil porteiros contratados foram para a rua. Ainda há porteiro na Tasso da Silveira, mas a sensação de insegurança permanece — disse Adriana, que, na manhã desta sexta-feira, participará de um ato ecumênico e de um abraço à escola para lembrar os seis anos da morte dos estudantes.

Adriana também criticou a ideia do prefeito Marcelo Crivella de blindar escolas em áreas de risco com uma argamassa capaz de impedir a penetração de tiros de fuzil.

— Acho que ele (prefeito) deveria ouvir pais que perderam filhos para entender a realidade do que acontece. Argamassa não é solução. Preservação, sim. Peço a ele que nos receba para conversar sobre isso. Além da demissão dos 3.000 porteiros, não há ronda escolar da Guarda Municipal, não há um trabalho voltado para palestras de orientação aos alunos, crianças brigam do lado de fora de seus colégios. Há muitas coisas que o prefeito não sabe e que deveria saber antes de instalar blindagem. Prevenção é a melhor solução — comentou.

A entidade fará uma homenagem a Maria Eduarda. Alunos, pais e professores da Tasso da Silveira. Adriana disse que uma blusa da Escola Municipal Daniel Piza com o nome de Maria Eduarda será exposta junto a 12 esculturas feitas em tamanho natural dos estudantes assassinados a tiros na Tasso da Silveira. A banda da Guarda Municipal participará do ato tocando o Hino Nacional antes do abraço simbólico à escola.