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Critério de nomeações de reitores por Bolsonaro leva a disputas internas e saída de cinco universidades da associação de dirigentes

Presidente escolheu 18 reitores que não foram os vencedores nas consultas internas, o que não acontecia desde 1998
UFRGS elegeu Rui Opperman, mas Bolsonaro escolheu outro reitor Foto: Ramon Moser/Divulgação / v
UFRGS elegeu Rui Opperman, mas Bolsonaro escolheu outro reitor Foto: Ramon Moser/Divulgação / v

RIO E BRASÍLIA - Após o presidente Jair Bolsonaro contrariar a tradição e nomear 18 reitores que não venceram as consultas realizadas nas universidades federais, há cisões entre alguns nomes escolhidos e as instituições. Em consequência, cinco reitorias já deixaram a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), entidade que, entre outras ações, negocia com o governo o orçamento e a ampliação de vagas da rede.

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O anúncio da saída foi feito no fim de julho, em uma carta enviada por José Cândido de Albuquerque, reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), ao então presidente da Andifes, Edward Madureira, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Também estão citadas nos documentos, como signatárias, as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), de Itajubá (Unifei) e a Rural do Semi-Árido (Ufersa). Todas tiveram reitores nomeados por Bolsonaro que não venceram a consulta em suas instituições.

Em nota a O GLOBO, a reitoria da UFRGS alegou que decidiu pela saída pois “há excessiva preocupação com questões ideológicas” e também porque o custo é elevado.

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“Caso a Andifes volte a focar nas questões direcionadas à melhoria do ensino superior, sem viés político ou ideológico, o reingresso poderá ser reavaliado”, diz a nota da reitoria.

De acordo com a Andifes, Bolsonaro nomeou reitores de 50 universidades federais desde o começo o mandato. Os 18 escolhidos que não venceram a lista tríplice representam 36% das nomeações. Outros 13 terminarão o mandato até novembro de 2022.

Depois que Bolsonaro quebrou a tradição, algumas instituições passaram a enviar a lista apenas com professores da chapa vencedora na consulta à comunidade acadêmica. Com isso, se formam dois grupos de nomeados fora da lista tríplice: aqueles em que o vencedor na consulta à comunidade é contemplado, mesmo que o nomeado não seja o professor que encabeçou a chapa; e aqueles em que o escolhido foi derrotado — que, segundo estimativa de dirigentes universitários, tem cerca de dez reitores no país.

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As universidades que tiveram reitores nomeados mesmo após serem derrotados nas consultas internas acabam vivendo uma série de conflitos dentro do campus. No caso mais grave, o Conselho Universitário da UFRGS aprovou a discutição para a abertura de um processo de destituição do reitor Carlos André Bulhões. A reunião será amanhã.

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