Por Sistema Fiep

Na última década, o número de brasileiros que se autodeclaram pretos e pardos chegou a 212,7 milhões, representando 56% da população. O dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) complementa outro índice, o de ocupação no mercado de trabalho: 60% dos trabalhadores informais são negros. A inserção dessas pessoas no mercado formal ainda é um grande desafio, principalmente porque falta acesso à educação. Apenas 60% dos jovens negros concluem o Ensino Médio no país – o abandono escolar também predomina entre os pretos e pardos, que respondem por 71,7% das pessoas entre 14 e 29 anos que deixam os estudos para trabalhar. As informações são da Pnad Contínua da Educação 2019.

A mudança de cenário depende de um esforço conjunto entre políticas públicas e iniciativa privada. O Sistema Fiep, por meio do Sesi no Paraná, tem trabalhado para desenvolver jovens em situação de vulnerabilidade social por meio da educação e do acesso ao mercado de trabalho. O Programa ViraVida, implantado em 2010, já atendeu mais de 1.300 jovens, oferecendo trilhas de formação, pré-aprendizagem e encaminhamento para o trabalho em indústrias parceiras. Foi por meio do ViraVida que Vitor Hugo Martins Carneiro, de 18 anos, chegou à Mão Colorida, fabricante de móveis para ponto de venda. “Cheguei na empresa fazendo um curso do Senai e atualmente trabalho na parte de comunicação e tecnologia. Aprendi muita coisa, fiz novos amigos e tenho grande apoio dos professores”, conta Vitor.

Educação Transformadora

O ViraVida faz parte de uma iniciativa ampla do Sesi no Paraná, assim como o Programa de Inclusão de Jovens Negros e Negras no Mercado de Trabalho, cujo objetivo é desenvolver competências profissionais e sociais de jovens de 17 a 21 anos e inseri-los no mercado de trabalho como menores aprendizes. A inscrição é gratuita e os candidatos selecionados passam por trilhas de aprendizagem, entre elas, a de Letramento Racial, conduzida pelo professor Francisco Leandro de Oliveira. A partir de rodas de leituras e aulas sobre conceitos, racismo estrutural, estereótipos e outros temas relacionados, professor e alunos compartilham vivências sobre diversidade étnica e racial. “A metodologia é bem lúdica, porque a maioria dos jovens vem de situações de vulnerabilidade social. Além de trazer todos os conceitos, a gente conversa sobre diversidades que nos atravessam como questões de gênero, diversidade afetiva, sexualidade, contexto socioeconômico, sempre dentro de uma linguagem apropriada”, contextualiza Francisco.

“A gente vê nas estatísticas que o Brasil tem uma grande maioria de pessoas negras autodeclaradas, mas nas organizações ainda é muito recente ver negros ocupando cargos de liderança e gerência. O letramento racial questiona essa arbitrariedade.””, complementa Francisco Leandro, que é mestre Interdisciplinar em Estudos Latino-americanos e atua como facilitador no ViraVida.

Da conversa à prática

Após as trilhas de aprendizagem, os jovens são encaminhados para a capacitação profissional em instituições formadoras como o Senai, para então ingressarem em empresas parceiras como jovens aprendizes. Ari Souza, gerente de Recursos Humanos da Mão Colorida, conta que os alunos atuam em vários departamentos da empresa, em um processo de rodízio, cujo objetivo é desenvolver e capacitar futuros talentos. “É um projeto muito bacana, porque recebemos jovens de baixa renda e vemos a mudança quando terminam os ciclos. Eles saem muito capacitados e motivados para seguir no mercado de trabalho”.

O jovem aprendiz Vitor Hugo, o professor Leandro de Souza e a Mão Colorida integram apenas uma parte das histórias que o Programa de Inclusão de Jovens Negros e Negras no Mercado de Trabalho têm desenvolvido, reafirmando o compromisso do Sistema Fiep com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial os ODS 5 (acabar com todas as formas de discriminação) e ODS 10 (empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos).

As unidades do Senai e do Sesi no Paraná envolvidas com o programa tem parcerias com grandes instituições para transformar vidas por meio da educação e do trabalho e são responsáveis tanto pela captação de jovens quanto pelo encaminhamento às empresas, bem como pelo acompanhamento psicopedagógico dos aprendizes.

As portas estão abertas para as empresas interessadas em participar. Clique aqui e saiba como fazer parte do Programa de Inclusão de Jovens Negros e Negras no Mercado de Trabalho.

Sistema Fiep

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