Por Layza Mourão*, g1 PI


Rosiane Pacheco, Professora da educação infantil

Rosiane Pacheco, Professora da educação infantil

No Dia do Professor, o g1conversou com a professora Rosiane Pacheco, que atualmente divide a sua rotina entre família, a sala de aula e as sessões de fisioterapia e hidroterapia para tratar uma osteonecrose nos joelhos e tornozelos (a morte das células ósseas por falta do fluxo sanguíneo). A sequela veio após a segunda vez em que ela teve Covid-19, no fim de março deste ano.

Rosiane precisou deixar a sala de aula por dois meses, para ficar acamada e se recuperar. Ao retornar, teve que usar cadeira de rodas e muletas, o que despertou a curiosidade e a solidariedade dos seus pequenos alunos de 4 anos.

Durante todo o tempo em que precisou ficar afastada das salas de aula, a professora contou que recebia recadinhos dos alunos via redes sociais e esse carinho ajudou muito durante todo o processo, até o retorno para a escola.

"As crianças se assustaram um pouco ao me ver na cadeira de rodas e eu tive que explicar de forma lúdica, que apesar de estar na cadeira de rodas, eu estava bem e me recuperando. Expliquei que ainda podia caminhar, mas não posso fazer esforço", contou.

Dois diagnósticos de Covid-19 em seis meses

A pandemia de Covid-19 mudou a vida de todo mundo, mas da professora e de sua família foi alterada no momento em que Rosiane contraiu a doença pela segunda vez, em março deste ano. O primeiro diagnóstico ocorreu em setembro de 2020 e os sintomas se manifestaram de forma leve.

Já o segundo resultado positivo trouxe complicações mais sérias. Rosiane precisou ficar internada para fazer o tratamento.

"Foram poucos dias, mas foram dias de muita angústia para nós. Essa é uma doença que traz muita solidão, porque você tem que se isolar das pessoas que ama, para que elas também não adoeçam. E aí vem o medo, a angústia e a preocupação. Mexe muito com o psicológico e a cabeça da gente", declarou.

Sequelas da Covid-19

Rosiane Pacheco atualmente. — Foto: Reprodução: Arquivo Pessoal.

Após receber alta médica e voltar para sua rotina, Rosiane começou a apresentar fortes dores nos membros inferiores e ao buscar orientação médica, soube que ficou com artrose nos dois joelhos por conta da forte infecção causada pela Covid-19.

Além da queda intensa de cabelo, outra sequela deixada foi a osteonecrose nos joelhos e tornozelos. Após o diagnóstico, a professora precisou fazer repouso absoluto de dois meses e ficou acamada em casa. Com toda sua capacidade motora comprometida para se locomover, Rosiane usava cadeira de rodas e muletas.

Atualmente para se locomover, a professora alterna entre o uso da cadeira de rodas e a muleta, que chamou muito a atenção dos alunos. "Eles diziam: a tia tá usando muleta roxinha", lembrou.

O tratamento com fisioterapia e hidroterapia continua e a professora contou que o processo ainda levará mais alguns meses, mas que está feliz por conseguir sobreviver à Covid-19.

"Ter passado por tudo isso foi a maior lição da minha vida, passei a ver a vida de outra forma, desacelerei, eu era muito estressada, corria demais. Mudei muito a postura, me tornei mais tolerante em relação às pessoas" , destacou.

Paixão pela licenciatura

A paixão pela docência começou em casa, quando Rosiane, com apenas 10 anos, ajudou na alfabetização do irmão mais novo de 6 anos. A profissionalização veio no vestibular para pedagogia, por incentivo do irmão mais velho.

"Devo muito aos meus irmãos, que mesmo de forma inconsciente me abriram os olhos para esse momento da minha vida", disse.

No ambiente escolar desde 2005, a professora diz que sempre gostou muito da educação infantil por gostar de ver a evolução dos pequenos alunos ao longo do ano.

"Eu gosto muito desse universo do lúdico, de ver, acompanhar de perto o amadurecimento das crianças. Quando eles estão lá no começo do ano, são todos imaturos e quando já chega no final do ano, vão ganhando mais maturidade em relação à aprendizagem", contou.

Educação Infantil por amor

Mesmo com experiências no ensino fundamental, a professora contou que pelo fato de gostar de acompanhar o desenvolvimento das crianças a partir dos 3 anos, se descobriu amante da educação infantil.

"Sou professora da educação infantil desde 2005, quando comecei a trabalhar em estágios. Tive oportunidade de ir para o ensino fundamental, mas a educação infantil sempre foi meu foco. Gosto muito mesmo do que faço" , afirmou a professora.

*Estagiária supervisionada por Caroline Oliveira.

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