Negócios sociais recebem R$ 20 mil para ampliar impacto em educação e empregabilidade

Artemisia Lab Educação e Empregabilidade avaliou mais de 400 iniciativas e apontou como destaques do programa os negócios Embala, Resilia e PrograMaria

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São Paulo

Os fundadores do Embala, do Resilia e da PrograMaria são destaques da primeira edição do Artemisia Lab Educação e Empregabilidade. 

Desenvolvido para apoiar uma nova geração de empreendedores de impacto, o programa selecionou negócios com soluções que apresentam potencial de gerar impacto positivo nos temas, com foco no público mais vulnerável e de menor renda.

Gratuita, a iniciativa –que contou com o apoio da Potencia Ventures e da Fundação ARYMAX– selecionou 20 negócios em estágio inicial para uma jornada de cinco semanas, composta por workshops presenciais e encontros online, baseados na metodologia exclusiva de aceleração de curto prazo da Artemisia. Os três destaques receberão um capital-semente no valor de R$ 20 mil para ampliar o impacto em educação e empregabilidade.

alunos do programa de aceleração da Artemisia preenchem papéis e cartazes com ideias e estratégias de impacto social
O programa de aceleração Artemisia Lab busca apoiar startups com potencial para impactar milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis - Felipe Gabriel/Divulgação

Fundado por Alexandre Cerqueira, Jeferson Dias e Rafael Velez, o Embala conecta universitários, recém-formados e artistas periféricos a alunos de escolas públicas e moradores de favelas do Rio de Janeiro.

O negócio de impacto social oferece a esses estudantes reforço escolar nas disciplinas Matemática e Língua Portuguesa, tendo por foco o desenvolvimento de competências técnicas de educação, alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e atividades extracurriculares com objetivo de desenvolver competências cognitivas e socioemocionais.

O impacto social da solução está na oferta de reforço educacional e cultural para preencher lacunas de aprendizado que são mais latentes entre os alunos da rede pública de ensino.

Ao mesmo tempo, oferece oportunidade profissional para universitários e recém-formados. A empresa conta com 12 professores que atendem aproximadamente cem alunos em duas escolas. O trabalho é desenvolvido com apoio da arte, cultura e hip-hop.

No Resilia, os empreendedores Bruno Cani e Laura Barros oferecem formação destinada a desenvolver profissionais para o mercado de tecnologia, conectando-os com processos seletivos de empresas parceiras.

O pagamento do curso só ocorre quando o profissional estiver empregado. O curso é presencial, ministrado ao longo de seis meses e com 400 horas de duração. Além da oferta de capacitação e da conexão com vagas de emprego no setor, o impacto social do negócio está relacionado a redução da barreira financeira para qualificação dos profissionais – um modelo inovador de pagamento, que abre possibilidades às pessoas de baixa renda terem uma formação em tecnologia.

Liderada por Iana Chan e Mariana Pezarini, em São Paulo, a PrograMaria atua com a missão de empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia e da programação. O negócio de impacto social oferece cursos que combinam teórica com prática, conectando as estudantes com o mercado de trabalho.

O impacto social do negócio está diretamente associado à inserção de mulheres no mercado de tecnologia e na geração de renda por meio dos empregos; aumento da diversidade dentro das empresas contratantes; e aumento de representatividade feminina em cargos de tecnologia da informação. Atualmente, o negócio já formou mais de cem mulheres.

Cenário nacional

No Brasil, a falta de acesso a uma educação de qualidade tem perpetuado a condição de pobreza em diferentes gerações, que afeta o pleno desenvolvimento e qualidade de vida de uma grande parcela da população.

Entre as pessoas mais vulneráveis economicamente, a enorme probabilidade de os filhos frequentarem escolas de baixa qualidade limita as futuras opções de trabalho. Aos jovens das classes sociais menos favorecidas, sobram os empregos com baixa remuneração.

O estudo "O elevador social está quebrado? Como promover a mobilidade social", conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro –que integre o grupo dos 10% mais pobres do país– cheguem ao nível médio de rendimento do país. 

Dados compilados em 2017 pela organização "Todos pela Educação" revelam que 2,46 milhões de crianças e jovens, com idade entre 4 a 17 anos, estão fora da escola.

No país, 52% da população não tem diploma do ensino médio e somente 17% dos jovens adultos com idade entre 24 e 34 anos atingem o ensino superior, segundo relatório da OCDE de 2018.

Essa organização aponta, ainda, que os estudantes brasileiros estão entre os mais ansiosos e inseguros do mundo. A falta de habilidades socioemocionais –resiliência e relacionamento interpessoal, por exemplo– tem efeitos negativos na renda e no desempenho profissional.

Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, educação e empregabilidade são temas complementares em uma perspectiva do desenvolvimento de pessoas que tenham maior repertório e estejam mais aptas para o mercado de trabalho atual e futuro.

A falta de acesso à educação de qualidade e alinhada às novas demandas é um dos grandes desafios contemporâneos. Sem iguais oportunidades de educação não é possível competir de forma justa por empregos promissores. Em paralelo, o desemprego –em épocas de instabilidade econômica– afeta majoritariamente os brasileiros com menor nível de escolaridade.

“Do outro lado, vemos despontar um novo mercado de trabalho com o surgimento de vagas alinhadas às novas tecnologias, que demandam profissionais com diferentes habilidades. Tais capacitações ainda não são acessíveis para população de baixa renda e para grupos vulneráveis, gerando um mercado de trabalho pouco inclusivo e diverso”, afirma Maure. 

 Frente ao cenário desafiador, Maure acredita ser preciso apoiar negócios inovadores que se apresentam como um caminho para complementar o acesso, qualificar a educação e dar iguais oportunidades de trabalho digno a todos.

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