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Por Bianca Gomes e Gustavo Schmitt — São Paulo

Recém empossado, mas já alvo de um pedido de afastamento da oposição, o novo secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, se defende de acusações de conflito de interesse por sua atuação no mercado privado e procura se desvencilhar do bolsonarismo e de pautas como escola sem partido e escolas cívico-militares.

Em entrevista ao GLOBO, Feder enfatizou seu perfil técnico diante de perguntas sobre o fogo cruzado que já enfrenta. O secretário se recusou a dar qualquer opinião sobre Paulo Freire, educador que é referência mundial. Ele afirma que o foco será melhorar a aprendizagem e aumentar a oferta de ensino profissional, que agora passará para o guarda-chuva de sua pasta. A proposta é ofertar o ensino profissional dentro de escolas regulares e quadruplicar o número de estudantes que cursam a modalidade até 2024.

São Paulo é um estado rico, mas está em 6º lugar no Ideb. Por quê?

São Paulo sofreu como todos na pandemia. Não conseguiu a primeira colocação, mas a gestão (passada) trabalhou pela aprendizagem. Não é fácil ter o primeiro lugar do Ideb, mas é o que vou buscar. A gestão anterior abriu muitas escolas em tempo integral, o que não será nossa prioridade. Foi um movimento bom, mas quando você aumenta muito o número de aulas e de disciplinas, demora um tempo para conseguir passar o conteúdo de uma maneira efetiva para os alunos.

O senhor pretende rever algo da gestão passada?

Temos novidades que queremos implantar, mas não preciso desmanchar nada da gestão anterior. Uma delas é o ensino da educação financeira. Também vamos controlar a frequência escolar, por meio de um aplicativo. Se uma escola tiver quase 100% de frequência, eu te garanto que ela tem aprendizagem. Os dados que temos hoje são de baixa aprendizagem e baixa efetividade. É isso que quero mudar. E há dois grandes movimentos: primeiro, são as aulas de reforço para alunos que mais precisam. O outro ponto é a aula efetiva. É preciso ajudar o professor a dar uma aula melhor.

Pretende importar alguma iniciativa que implantou no Paraná?

Vamos aumentar o número de redações feitas pelos alunos por meio da redação com inteligência artificial. O aluno de escola pública escreve poucas redações porque é muito trabalhoso para o professor corrigir. Quero implantar, se possível ainda no primeiro semestre, uma plataforma em que o aluno escreve a redação e ela interage mostrando os erros de gramática, concordância, acentuação, deixando para o professor a parte da argumentação, da lógica. Foi um sucesso enorme no Paraná.

Não esbarra na falta de infraestrutura?

São Paulo tem uma taxa de um computador por 10 alunos, o que é uma boa taxa. Quando necessário, mandaremos mais computadores.

O senhor pretende expandir as escolas cívico-militares, como fez no Paraná?

Se a gente entender que há uma demanda muito grande da sociedade e, principalmente, da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), aí a gente pode ir atrás nessa direção.. Mas não é algo que vamos ativamente tratar neste primeiro ano.

Haverá alguma mudança na estrutura da secretaria?

Queremos trazer a educação profissional para as escolas regulares. Hoje, a educação profissional do ensino médio fica no (Centro) Paula Souza, dentro da secretaria de Desenvolvimento Econômico. A ideia do governador é que, a partir de 2024, as escolas regulares possam oferecer educação profissionalizante. Hoje, menos de 10% dos alunos em escola pública estudam educação profissional. Ao final dos quatro anos, queremos chegar a 40%.

Como vai ser a relação com o governo do PT? Já conversou com o ministro da Educação, Camilo Santana?

Ainda não, mas escutei coisas boas dele. Conheço muito bem a Izolda (Cela, ex-governadora do Ceará e 'número 2' do MEC), que foi secretária de educação no Ceará. A gente conversa com muita frequência, tenho muita admiração por ela, cujo trabalho de parceria com os municípios praticamente acabou com o analfabetismo no Ceará. Acredito que a gente vá conseguir fazer um bom trabalho junto ao MEC.

O senhor defendeu, em livro publicado em 2007, a privatização de todo o ensino público e a extinção do MEC, mas depois voltou atrás. Por quê?

Quando escrevi o livro, conhecia muito pouco de educação. Depois comecei a dar aula, fui gestor escolar e visitei o mundo inteiro. Em nenhum lugar que fui a educação de qualidade é a privada. Os principais países que têm qualidade educacional possuem educação pública. É assim que deve ser. Isso me fez mudar de ideia.

É a favor de bandeiras como o homeschooling e escola sem partido?

É uma pauta que prefiro não entrar porque ela vai tirar meu foco (...) Eu sou um técnico educacional. Quero que os alunos aprendam matemática e língua portuguesa.

O que o senhor pensa sobre Paulo Freire, educador mais lido do mundo e criticado por bolsonaristas? É uma referência para o senhor?

Prefiro não falar (de Paulo Freire). Quero que os professores sejam valorizados e livres para escolherem seus caminhos, desde que haja aprendizagem. Ele (Paulo Freire) é uma referência (na educação), mas muitos gostam, outros não. A gestão não vai discutir se Paulo Freire é bom ou não.

A Secretaria da Educação assinou um contrato milionário no fim do ano passado com a Multilaser, empresa da qual o senhor fazia parte do conselho. Não há conflito de interesse?

Me desvinculei da empresa há cinco anos como executivo. E estou totalmente desvinculado desde novembro, quando deixei o conselho. Esses contratos foram feitos com 4 empresas: Multilaser, Positivo, Samsung e Lenovo. Na gestão anterior, a secretaria precisava comprar hardwares e comprou das quatro igualmente, na mesma quantidade. Na minha gestão não vou assinar nenhum contrato com a empresa Multilaser, óbvio.

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