'Não somos coitadas', rebate Cármen Lúcia para Marques em ação sobre fraude em cotas para mulheres; vídeo

Ministra classificou tom do colega ao falar do tema como 'quase paternal'

Por Paulo Assad — Rio de Janeiro


Sessão do TSE teve debate entre Cármen Lúcia e Nunes Marques sobre cota de gênero nas eleições Reprodução

A ministra Cármen Lúcia rebateu os argumentos apresentados por seu colega Nunes Marques durante uma sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira. Estava em julgamento um caso de fraude em cotas eleitorais de gênero no município de Iatiçaba, no Ceará.

Cármen Lúcia havia acompanhado o relator da ação no entendimento de que o caso, que envolvia o partido Cidadania, se qualificava como um episódio de fraude eleitoral. Nunes Marques, junto aos ministros Raúl Araujo e Carlos Horbach, divergiu e manifestou voto contrário. A legislação brasileira prevê um que os partidos reservem 30% das candidaturas a cargos proporcionais, como vereador e deputado, à mulheres.

'Não somos coitadas', rebate Cármen Lúcia a Nunes Marques sobre fraude em cotas a mulheres

Durante a sessão desta quinta-feira, analisava-se a situação de uma candidata da cidade cearense que recebeu nove votos no pleito de 2020 e afirmou ter sido abandonada pelo partido. Em sua fala, Nunes Marques disse entender não existir fraude no caso:

— Precisamos ter um pouco de empatia com essas mulheres que se candidatam e são abandonadas pelo partido. Nunca participaram de uma campanha. Não sabem como percorrer esse caminho (...) Precisamos ter empatia porque não é fácil para uma mulher do povo, simples, se candidatar e ter nove votos numa cidade dessas — apontou Marques.

Em seguida, a ministra Cármen Lúcia pediu a vez para rebater o colega:

— Não somos coitadas. Não precisamos de empatia, precisamos de respeito. A Justiça Eleitoral tem a tradição de reconhecer como pessoa dotada de autonomia, e não precisar de amparo. Isso é o que nós não queremos, ministro. E eu entendo quando o senhor afirma, de uma forma que soa paternal, dizendo que haja empatia. É preciso, na verdade, que haja educação cívica (...) Nós não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs iguais. A desigualdade, ministro, está nesse tipo de tratamento.

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