Por Larissa Schmidt, RJ2


Rio começa retorno integral às escolas municipais; secretário municipal de Educação fala sobre essa volta

Rio começa retorno integral às escolas municipais; secretário municipal de Educação fala sobre essa volta

Os gestores da educação pública no Rio de Janeiro estão preocupados com a evasão escolar. Só na capital, 25 mil alunos abandonaram as escolas do município no último bimestre desse ano. Já na rede estadual, cerca de 80 mil estudantes podem ter largado os estudos.

A Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro informou que ainda não tem um levantamento definitivo sobre a evasão escolar na rede, mas confirmou que 11% do total de alunos matriculados tiveram menos de 75% de frequência nas atividades presenciais ou à distância no mês de setembro.

O secretário municipal de educação do Rio, Renan Ferreirinha, explicou que a contagem dos alunos que desistiram das aulas na rede municipal ainda é uma parcial. Segundo ele, só o Censo Escolar no fim do ano poderá apresentar um retrato mais completo.

"São 25 mil alunos que não foram presencialmente para as escolas e não entregaram as atividades da maneira como foi planejada, de forma remota, não tiveram vínculo nesse último bimestre", disse Ferreirinha.

Os números atuais da educação pública da capital apontam para uma evasão escolar de quase 4% do total de alunos matriculados (644 mil estudantes).

O percentual de desistência é o dobro do que foi registrado em 2019, antes da pandemia. A Secretaria Municipal de Educação tem 2019 como referência, já que em 2020, com a suspensão das aulas presenciais, a frequência escolar não foi aferida com precisão.

Com o fim do rodizio em sala e o retorno das aulas 100% presenciais nesta segunda-feira (18), o secretário Renan Ferreirinha espera recuperar os alunos que deixaram as escolas.

"Nós queremos recuperar todos os nossos alunos para as nossas escolas. Nós temos diferentes formas de atuação nessa busca ativa, desde a direção da escola entrando em contato com pais e responsáveis. Até o carro de som circulando no subúrbio. Para quem não sabe, essa é uma forma extremamente eficaz de, no subúrbio carioca, ainda conseguir fazer com que as famílias saibam que a escola está funcionando", explicou Ferreirinha.

Volta às aulas sem rodízio no Rio

Estudantes da pré-escola (4/5 anos); do 1º, 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental; e do Programa Carioca 2, de aceleração de ensino, voltaram nesta segunda-feira (18) a ter aulas sem necessidade de rodízio ou de distanciamento entre as carteiras.

O calendário de retorno foi anunciado no último dia 7, e será feito em duas etapas, com parte dos alunos voltando nesta segunda e o restante uma semana depois, no dia 25.

No dia 25, voltam as outras séries:

  • 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental;
  • creches;
  • alunos do EJA - programa de Educação de Jovens e Adultos;
  • classes especiais.

Apesar do fim do rodízio nas salas de aula, a Prefeitura do Rio ainda vai permitir o ensino remoto, por enquanto, como opção para quem tem comorbidade ou preferir estudar em casa.

Contudo, a liberação não deve durar muito tempo, já que a Secretaria Municipal de Educação estuda uma data para estipular a obrigatoriedade da presença em sala de aula.

A prefeitura diz que a estrutura das unidades de ensino já está preparada, com um investimento de R$ 100 milhões para compra de insumos como álcool em gel e adequação de portas, janelas, refeitórios e lixeiras.

O distanciamento entre as carteiras não é mais obrigatório, mas o recreio agora é dividido por turmas e a máscara continua sendo necessária.

Evasão na rede estadual

Os números da evasão escolar na rede estadual de educação ainda não são definitivos. Contudo, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro confirmou que cerca 80 mil alunos tiveram menos de 75% de frequência nas atividades presenciais ou remotas no mês de setembro. Esse número representa quase 11% do total de alunos da rede estadual.

O estado também tem um programa para tentar recuperar os alunos que abandonaram as escolas. Porém, a inciativa dos gestores da educação ainda não conseguiu convencer a Letícia Cristiny Lisardo, aluna do primeiro ano do ensino médio, a retomar os estudos. Ela não foi a nenhuma aula presencial esse ano, nem conseguiu acompanhar as classes a distância.

“Perdi o ânimo de tudo. Perdi o ânimo de estudar, de falar com as pessoas e de sair de casa”, comentou Letícia.

"Ela chegava e falava: 'mãe essa aula não está adiantando nada online. As coisas repetitivas'. Aí eu comecei a ver que aquilo estava desgastando ela. Eu cheguei a conversar com ela e falei: 'o que está acontecendo?'. 'Mãe, eu perdi o interesse na escola'", explicou Bianca Lisardo, mãe de letícia.

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