O plenário da Câmara ficou lotado, com mais de 300 pessoas acompanhando a sessão — Foto: Adonias Silva/G1
A mudança no ensino modular voltou a ser discutida na tarde desta terça-feira (3), durante a sessão de tribuna livre da Câmara de Vereadores de Santarém, no Pará. Professores, estudantes e profissionais da educação se reuniram para debater sobre a manutenção do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some) e analisar a implantação do Sistema de Ensino Interativo (SEI), proposta pelo Governo do Estado.
O plenário da Câmara ficou lotado, com mais de 300 pessoas acompanhando a sessão, que reuniu também professores, estudantes e profissionais da educação de Belterra e Mojuí dos Campos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), pelo menos 5 mil estudantes e 117 professores podem ser prejudicados com implantação do SEI, que substituirá o Some - sistema de já existe há 37 anos no interior no estado.
Mudança no ensino modular gera protesto de estudantes e professores na Câmara; VÍDEO
Protesto
A sessão foi marcada por protestos contra a implantação do SEI e a favor da permanência do Some. Lideranças comunitárias, indígenas, movimentos sociais e sindicatos alegam que a população não foi consultada sobre a mudança. Estudantes e professores levaram faixas e cartazes como forma de chamar a atenção das autoridades.
Na sessão, os manifestantes gritaram palavras de ordem pedindo a saída do coordenador da 5ª URE e do governador do estado. A falta de energia elétrica paralisou a sessão por quase 15 minutos e houve vaia no plenário. (veja no vídeo acima)
SEI e Some: como funcionam?
No Sistema de Organização Modular de Ensino (Some), o estudante participa de aulas presenciais com quatro módulos efetuados em cinquenta dias para o desenvolvimento do conteúdo programático, aplicação de avaliações e recuperação paralela.
Já o Sistema de Ensino Interativo (SEI) é uma modalidade de estudo a distância (EAD), onde as aulas são oferecidas na TV por meio de vídeos. Isto significa que o aluno não precisa ir até um polo de apoio presencial para assistir as aulas, mas precisará ir até o polo para realizar suas provas que precisam ser presenciais.
Mudança no ensino modular foi discutida durante a sessão de tribuna livre da Câmara — Foto: Adonias Silva/G1
Câmara
A vereadora Maria José Maia, presidente da Comissão de Educação da Câmara, defende que, ao longo de 37 anos, o sistema modular de ensino esteve presente na vida de jovens das comunidades do interior e por isso teme a substituição da modalidade para o SEI, devido a uma série de fatores, entre eles, falta de energia nas escolas, falta de estrutura das escolas, além da falta de transporte.
Ainda segundo Maria José, as comunidades serão ouvidas e um documento será encaminhado ao governador Simão Jatene e a secretária de educação do estado Ana Cláudia. “Nós não somos contra a implantação do SEI. O que nós queremos é que o modular continue no nosso município e o SEI possa atender as comunidades que ainda não tiveram a possibilidade de ter o ensino médio”, destacou.
Precariedade no ensino modular
Além da substituição do Some pelo SEI, outro debate que surge é em relação as condições de trabalho dos professores. O Sintepp diz que são muitos os problemas, como falta de moradia para os professores, bolsa alimentação, contratação de auxiliar de serviços gerais e salas de aula, bem como a falta merenda escolar de qualidade e valorização salarial.
A precariedade segundo o Sindicato, deveria ser revertida pelo Governo, ao invés de criar outro meio de ensino. O investimento no Some trará mais benefícios aos estudantes das comunidades da região.
Seduc
Para a Secretaria de Educação do Estado (Seduc), o SEI será implantado como uma forma de somar com a modalidade de ensino já existente em comunidades do interior do estado. A intenção, segundo o Governo, não é extinguir o Some, mas sim agregar a ele metodologias e recursos tecnológicos para ampliar a oferta do ensino médio oportunizar o ensino de melhor qualidade.