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Ministro da Educação diz que jogou R$ 300 milhões no 'lixo' com alunos que não fizeram Enem

Milton Ribeiro também afirmou que cometeu 'grande erro' e pediu desculpas novamente por fala sobre alunos com deficiência
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro pediu desculpas novamente por fala sobre alunos com deficiência Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro pediu desculpas novamente por fala sobre alunos com deficiência Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA —  O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em audiência no Senado nesta quinta-feitra que jogou R$ 300 milhões da pasta "no lixo" com estudantes que pediram isenção para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não fizeram a prova.

Ele falou sobre o assunto ao ser questionado sobre decisão do Supremo Tribunal Federal, que obrigou o governo a reabrir prazo para que estudantes pudessem solicitar a isenção da taxa de inscrição. A Corte proibiu que o benefício fosse negado a quem faltou na última aplicação do exame.

— Eu peguei dinheiro dos senhores, do MEC, R$ 300 milhões, quando eu comprei prova, contratei logística, contratei professores que fizeram correção, a impressão, R$ 300 milhões do MEC, em ano de pandemia, joguei na lata do lixo — disse o ministro da Educação.

Nesta quinta-feira, o ministro também disse que cometeu "um grande erro" e pediu novamente desculpas por ter afirmado que alunos com deficiência "atrapalham" os demais estudantes em sala de aula. No mês passado, Ribeiro deu a declaração em uma entrevista à EBC. Depois, reiterou a intenção de um ensino específico para o referido público.

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A fala foi criticada por entidades de direitos de pessoas com deficiência. Em audiência da Comissão de Educação do Senado, o ministro mencionou o assunto ainda na sua apresentação. Ele já havia pedido desculpas nas redes sociais, mas voltou a tocar no assunto.

— Esse foi o meu grande erro. Porque há uma linguagem e um vocabulário próprio para tratar desses assuntos. Desse assunto que é tão sensível e que me entristeceu de uma maneira muito grande. Eu, pela minha própria formação, até religiosa, ter tido essa pecha de ser um homem que quer lançar os deficientes num fosso e numa vala... Isso me tocou demais. Eu fiquei muito sentido. E não é essa a realidade e nem é esse o meu pensamento — disse Ribeiro.

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O ministro também argumentou que, para tratar das pessoas com deficiência, há necessidade de que haja "conhecimento sobre a terminologias".

— Por essa razão, algumas das minhas colocações não foram as mais adequadas. A gente tem que aprender a reconhecer quando erra. Eu não tive a intenção de magoar, mas muitas vezes nós usamos palavras e termos, e gestos, que magoam.

Aos senadores, Ribeiro reiterou o pedido de desculpas.

— Quero aproveitar a oportunidade para reiterar perante a esse Senado Federal meu sincero pedido de desculpas a todos aqueles que se sentiram ofendidos. O ministro da Educação não é essa pessoa que alguns pintaram e estão pensando.

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Ao ler um discurso, o ministro da Educação afirmou que 1,3 milhão de estudantes estão matriculados "nas modalidades de especialidade" no Brasil. Desses, 156 mil estão em classes especializadas.

Ele defendeu ainda que pais e alunos escolham as escolas que desejam.

— O ministério da Educação propõe a ampliação das oportunidades para esses alunos e suas famílias, reconhecendo como legítima a necessidade de acesso a serviços especializados para algumas situações específicas, a partir da escolha dos próprios alunos e pais, sendo essa escolha o exercício de um direito, puramente sem outra motivação.