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Ministro da Educação anuncia que 'abre mão' de acesso às questões do Enem

Por receio de ser acusado de censura prévia, Milton Ribeiro afirma que não quer ser alvo de desconfiança
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, em audiência na Comissão de Educação da Câmara Foto: Reprodução
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, em audiência na Comissão de Educação da Câmara Foto: Reprodução

BRASÍILA — O ministro da Educação, Milton Ribeiro, garantiu que não terá acesso prévio às questões do Enem, polêmica criada após declarações que concedeu em entrevista na semana passada. Em audiência na Comissão de Educação da Câmara, na manhã desta quarta, Ribeiro afirmou que "abre mão" de conhecer antes o conteúdo das provas para evitar acusações de censura prévia e gerar desconfiança na sociedade.

— Se houver desconfiança da sociedade de que o ministro não pode ter acesso a informações sigilosas a respeito da pasta, esse ministro não pode sentar na cadeira mais. E, considerando o ambiente que vivemos e a lisura, abri mão completamente de conhecer previamente e conhecer as questões. Abri mão para evitar qualquer interpretação que alguém possa dar de censura prévia. De maneira alguma, terei acesso às questões do Enem — disse Milton Ribeiro.

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O ministro também falou que o conteúdo do exame será técnico, afastado de questões ideológicas. E que o aluno não irá dar sua visão de mundo na prova, mas demonstrar conhecimento técnico para acessar a universidade.

— Todo certame, toda avaliação tem que ter o propósito de avaliar o que o aluno sabe e não sabe. Avaliar se aprendeu e se tem condições de acessar o ensino superior com o que já adquiriu de conhecimento. Temos uma governança estabelecida pelo Inep para que a prova avalie conhecimentos, evitando que se baseie em visão de mundo de cada um deles. Insisto que não tenha questão ideológica. Não que ela não exista. Todos têm sua ideologia. Prova do Enem não é para avaliar qual visão o aluno do mundo, da economia. Não é isso, não é esse o objetivo — disse o ministro.

Em entrevista à CNN, há uma semana, Ribeiro afirmou que gostaria de ter conhecimento do conteúdo da prova este ano, o que não ocorreu ano passado, declarou.

— Este ano, talvez, eu ainda tenha que conversar com o meu presidente e o grupo que me assessora, para que eu possa fazer parte e ter conhecimento e, naturalmente, manter a questão do sigilo. Mas, em relação ao Enem anterior, eu não tive nenhum acesso a qualquer tipo de pergunta ou questão — disse à emissora de TV.