Em um box especial, o Boletim Macrofiscal, divulgado hoje, analisa os efeitos econômicos do fechamento de escolas, como vem ocorrendo em função da pandemia.
São três efeitos principais, segundo informou o assessor especial da Secretaria de Política Econômica (SPE) Rodrigo Mendes Pereira. Há impacto sobre o PIB, a produtividade e o aumento da desigualdade.
O impacto não é homogêneo, sendo diferente entre classes sociais, disse. “É perfeitamente razoável supor que prejuízo será maior para crianças mais pobres”, disse.
De acordo com a SPE, os efeitos de curto prazo são: redução da mão de obra, especialmente a feminina, por falta de escolas ou creches; crianças fora da escola estão sujeitas a ansiedade, depressão e violência doméstica; adolescentes tendem à evasão escolar, seja por desestimulo, seja por necessidade de complementar a renda familiar perdida em decorrência da crise econômica.
No longo prazo, os efeitos mapeados foram: menos tempo na escola resulta em adultos com uso aquém de suas capacidades cognitivas, o que interfere na sua vida futura e na de seus descendentes; a renda menor tende a ser transmitida para as gerações futuras.
A falta de creches representa perto de 50% dos problemas no ambiente de trabalho e redução de 5% na mão de obra feminina, aponta a SPE. Quarenta e seis por cento dos pais de crianças e adolescentes menores de 18 anos sentem que a pandemia tem impacto negativo sobre a sua saúde mental.
O subsecretário de Política Fiscal da SPE, Erik Faria, afirmou que cada ano adicional de educação na população é capaz de impulsionar o crescimento do PIB em 0,58% no longo prazo. “Isso deveria ser visto como uma janela de oportunidade e depõe contra o fechamento prolongado das escolas.”
A população brasileira estuda em média durante sete anos, enquanto na Alemanha e nos Estados Unidos são 13 ou 14 anos. Isso é uma das razões para o tímido crescimento da economia brasileira e baixa qualidade de vida do povo.