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Meta ousada da educação em SP

Secretário acerta ao investir no básico, se pretende mesmo fazer da rede paulista a melhor do País até 2025

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Por Notas & Informações
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Épositivo que o novo secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, sinalize que dará ênfase à melhoria da qualidade do ensino e à elevação dos índices de aprendizagem na maior rede pública do País. Eis o grande desafio: formar gerações de jovens com amplo domínio das habilidades e competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ao Estadão, ele falou sobre a meta, até 2025, de fazer da rede estadual a melhor do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Sem dúvida, um objetivo condizente com o Estado mais rico da Federação.

Feder, que foi secretário de Educação do Paraná nos últimos quatro anos, deixou claro que terá foco em resultados. À Folha, ele afirmou que se guiará por duas métricas: aprendizagem e frequência escolar. “Quero que os alunos saiam da escola pública sabendo matemática e língua portuguesa”, disse. Por óbvio, a formação escolar vai muito além dessas disciplinas − e Feder fala em ampliar o ensino técnico, o que é correto –, mas as escolas públicas paulistas e brasileiras estão longe de garantir que seus estudantes aprendam o básico de português e matemática, ponto de partida para os demais conteúdos. Então, sua ênfase no essencial é bem-vinda.

Uma das estratégias diz respeito à rotina do trabalho docente: Feder quer que a rede estadual dê maior apoio aos professores na preparação das aulas. Acertadamente, ele defende a necessidade de se aprimorar a forma como os conteúdos são apresentados aos estudantes. Eis um tipo de ação que pode otimizar o tempo em sala de aula e despertar mais interesse nos alunos. Sim, é possível tornar o exercício do magistério mais efetivo, resultando na melhoria da aprendizagem.

Ao Estadão, Feder explicou que a ideia é produzir materiais que orientem os professores na tarefa cotidiana de preparação das aulas − respeitada a autonomia de quem não tenha interesse em receber ajuda. Em outra frente, ele citou a possibilidade de que professores mais experientes sejam designados para apoiar colegas, atuando como tutores. Há boas experiências nesse sentido.

Outro ponto envolve os diretores de escola: a intenção é que esses profissionais se dediquem às questões pedagógicas, apoiando mais os professores. Essa deveria ser a regra, uma vez que a aprendizagem dos alunos é a verdadeira razão de ser da escola. É comum, porém, que diretores fiquem reféns da rotina administrativa, sem tempo para se dedicar às atividades de ensino, o que obviamente é um erro.

Para levar seus planos adiante, Feder terá que superar a enorme distância entre o gabinete do secretário e a realidade das salas de aula. Não raro, infelizmente, boas ideias e mesmo as melhores das intenções sucumbem durante essa travessia. Como se sabe, redes de ensino são estruturas capilarizadas, e não há política educacional que se concretize sem o engajamento direto dos professores – ainda mais quando se trata de repensar o trabalho docente. O novo governo, por mais proativo que pareça o secretário de Educação, terá que se mostrar capaz, em primeiro lugar, de ouvir.