A demagogia eleitoral da educação segue um script antigo. Em meio à greve de professores das universidades e institutos federais – são 61 instituições paralisadas pelo corpo docente, cuja classe tradicionalmente é apoiadora do PT – não faltaram promessas de investimentos no ensino. Note-se, é o investimento na estrutura, não no professor, o cerne da demanda. O presidente Lula da Silva capitaneou a balela: anunciou que pensa abrir mais duas universidades federais em São Paulo (Zona Leste e outra em Osasco). A comoção não é maior que a de parlamentares que vislumbram o filão eleitoral. Correm nas gavetas do Congresso Nacional outras propostas do tipo. Algumas são do deputado Áureo Ribeiro (SDD-RJ): O PL 406/23 propõe a Universidade Federal do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro; o 407/23 cria a Federal da Favela da Rocinha; outro dele é o PL 520/23, que promete uma em Duque de Caxias, maior da Baixada Fluminense. Nenhuma propõe investimento na reciclagem ou formação de professores.

Enquanto a greve de docentes nas federais prejudica os estudantes, o Poder patrocina a balela de mais universidades – e nada para o professor

Network dos Poderes causa ciúme

Seminários em Lisboa, Paris, Londres e Nova York tornaram-se o chamariz para investidores se encontrarem com autoridades dos três Poderes com privacidade. Começou com Lide, o IDP, depois o Esfera e agora quem brilha nisso é o Grupo Voto, de Karim Miskulim, que comemorou seus 20 anos com evento reunindo uma dezena de ministros do Judiciário em Londres. O caso gerou ciumeira no setor e ela foi criticada em jornais por algo que concorrentes não foram alvos. Egressa de Porto Alegre, Karim vislumbrou que poderia crescer mais em São Paulo, e deu certo, com o fórum “Brasil de Ideias”. Mas tem gente de olho no seu progresso no network.

Obras travadas no MEC

Camilo Santana, ministro da Educação
Camilo Santana, ministro da Educação (Crédito:Evaristo Sá)

Egresso de uma Sobral (CE) elogiada pelo case na educação, o ministro Camilo Santana está travado ao tentar retomar obras no segmento, como mais escolas e creches. A promessa do presidente Lula da Silva está na mesa. O MEC tem mais de 3 mil obras paralisadas, no total de R$ 3,8 bilhões. E culpa erros de projeto e má conduta dos antecessores.

Um esboço para a minirreforma em 2025

Ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa do programa A Voz do Brasil
Ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil.)

Ninguém saiu do Governo para disputar prefeituras este ano. Prova de que o cargo é boa vitrine, e que o Palácio prepara minirreforma ministerial para o 1º trimestre de 2025, logo após eleição para o comando da Câmara e Senado, para fazer ajustes pela governabilidade. Congressistas apontam que Lula da Silva deve disponibilizar o MDIC (Geraldo Alckmin ficaria apenas como vice), o Planejamento – nos moldes atuais, nem a ministra Simone Tebet o quer – a Defesa (José Múcio quer descansar e estuda terreno para disputar o Governo de Pernambuco) e a Saúde (com a vaga almejada pelo MDB e Progressistas do Rio).

O lamaçal que passa pelas bancas

Mercado eleitoral do ensino
Vista aérea do distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais, em 6 de novembro de 2015, após o rompimento da barragem de rejeitos de minério da empresa Samarco (Crédito:AFP)

Há algo além da lama criminosa nos bastidores da tentativa de conclusão dos acordos da Samarco com entidades civis pela reparação das mortes e destruição de flora, fauna e rios desde 2015. A mineradora se esforça – a última proposta chegou a R$ 127 bilhões em indenizações a ONGs, entidades variadas, prefeituras, famílias de vítimas e até para o fundo tutelado pelo Judiciário. Mas bancas de advogados dificultam e estão há anos embolsando centenas de milhões de reais como parte nos processos, muito disso em comissão de taxa de sucesso. Uma boa hora para todos repensarem esse custo.

Brito corre para ficar no páreo

O deputado Antônio Brito (BA) avisou que continua pré-candidato a presidente da Câmara. Diz que tem o total apoio da bancada do PSD, seu partido, e de frente suprapartidária, inclusive simpatia de boa parte dos evangélicos – que também podem apoiar Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Calça-justa no Rio

O vereador Márcio Santos (PV) presidia a sessão da Câmara do Rio no dia 25 quando anunciou um colega: “Registrando o voto contrário do futuro prefeito do Rio, vereador Pedro Duarte (Novo)”. Marcos Braz (PL) correu para assumir a presidência e anunciou a presença do deputado federal Ramagem (PL), o pré-candidato oficial do partido.

Clã Barros em Maringá

Sílvio Barros, irmão do deputado Ricardo Barros – ex-ministro da Saúde e ex-líder de Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro – surge como potencial candidato à prefeitura de Maringá, 3ª maior cidade do Paraná já governada pelo irmão em dois mandatos. Sílvio tem 50% das intenções de votos, segundo a Paraná Pesquisas.

NOS BASTIDORES

Rota para o Governo

Engendra-se no Palácio a nomeação do senador Rodrigo Pacheco (PSD) para forte ministério – fala-se em Indústria & Comércio – tão logo ele deixe a presidência do Senado.

Os Investigadores

Um candidato a prefeito do Rio de Janeiro, com chances de vencer a eleição, não quer correr risco. Contratou dois experts em investigação junto ao MPF para levantar eventuais defeitos de adversários.

Vertedouro eleitoral

O general Luna e Silva, ex-diretor da Usina de Itaipu no Governo Bolsonaro, filiou-se ao PL e será candidato a prefeito de Foz do Iguaçu. Vai disputar com candidato apoiado (discretamente, claro) pela atual gestão petista da binacional.

Esqueceram de mim

Vejam o custo político de ser oposição: O staff do governador Romeu Zema (Novo-MG) foi avisado em cima da hora da visita do presidente Lula da Silva a Nova Lima, para inaugurar fábrica de insulina.