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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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'MEC sempre teve influência política, e trocar de ministro só vai tumultuar', diz empresário

Para Mauro Aguiar, diretor do Colégio Bandeirantes, saída de Ribeiro não ajuda educação

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São Paulo

O empresário Mauro Aguiar, diretor do Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo, avalia que trocar o ministro da Educação a essa altura do governo só vai tumultuar.

Nesta segunda (28), o ministro Milton Ribeiro foi demitido do cargo para tentar reduzir o desgaste do governo Jair Bolsonaro (PL) na crise em que a pasta se envolveu após a revelação de indícios de um esquema informal de obtenção de verbas envolvendo dois pastores sem cargo público.

"Tem muita coisa boa que foi aprovada no Conselho Nacional de Educação, como o novo Enem, e que precisa ser tocado para a frente. Foi uma bela aprovação. Essa mudança só vai criar tumulto. No final, prejudica mais a educação do que beneficia. Essa briga não tem nada a ver com educação, com o que é melhor para os alunos. Isso é uma briga política, briga de foice lá em Brasília. O ambiente lá não é para amadores", afirma Aguiar.

Na opinião do empresário, a situação é absolutamente condenável mas não é novidade. Aguiar afirma que sempre existiu lobby dentro do MEC, independentemente de qual seja o governo.

"Para conseguir qualquer coisa no Ministério da Educação, primeiro, tem que contratar um escritório em Brasília. Para conseguir chegar dentro do Ministério. Essa coisa de dizer que [agora] o ministério está aparelhado, não. Ele sempre esteve aparelhado", diz o empresário.

Aguiar afirma que já teve dificuldade em aprovar projetos da própria empresa no passado por falta de acesso.

"No Ministério da Educação, em outros governos, sempre existiu necessidade de, para aprovar projetos, você precisar de influência política. Não é nenhuma novidade. O Bandeirantes, quando nós tivemos que aprovar a nossa BandTec, que era um curso superior de tecnólogos superbem avaliado pelas equipes avaliadoras, nós perdemos um ano, com tudo investido. Porque nós não tínhamos, era governo do PT, e nós não tínhamos acesso a nenhum membro do que se chamava bancada do governo no Legislativo. Aí a coisa não andava", afirma.

Ele diz acreditar que a crise atual envolve disputa por espaço dentro do próprio governo.

"Claramente, me parece um fogo amigo, de briga dentro das próprias bancadas de apoio ao governo que se sentiram com menos capacidade de influenciar do que os tais pastores", afirma.

A situação do ministro se agravou na segunda-feira da semana passada, após a revelação pela Folha do áudio em que Milton Ribeiro afirma que o governo prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores Gilmar e Arilton.

Na gravação, o ministro diz ainda que atende a uma solicitação de Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas.

A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco

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