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Por Jornal Nacional


MEC divulga cartilha para orientar implementação de plano de alfabetização

MEC divulga cartilha para orientar implementação de plano de alfabetização

O Ministério da Educação divulgou nesta quinta-feira (15) uma cartilha sobre a nova política de alfabetização do governo. Segundo especialistas, o documento não traz o detalhamento que consideram fundamental para implementar as mudanças.

A maioria das crianças de oito e nove anos chega ao fim do terceiro ano sem saber ler e com desempenho baixo em matemática. O resultado é de 2016 e testou dois milhões de alunos do ensino fundamental em todo o país.

Com base nesses dados, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu mudanças urgentes.

“Metade não sabe ler e escrever nada, é isso. Não sabe fazer conta básica. E isso é mais do que um fracasso, é um crime. Pode ter ou não ter dolo, mas é um crime o que está sendo feito no Brasil. Crime. Falar que está tudo bem é mentira; ao mesmo tempo, falar que está tudo errado também não é uma alternativa boa. O Brasil tem exemplos de sucesso”, afirmou.

Há quatro meses, o presidente Bolsonaro editou um decreto estabelecendo as mudanças. Mas, só nesta quinta (15), o governo apresentou a cartilha, que deveria detalhar as instruções e orientações para prefeitos e governadores, que, na prática, implementam as mudanças.

Weintraub saiu da cerimônia sem responder a perguntas dos jornalistas. Especialistas consideraram o movimento pouco prático.

“A frustração é porque esse caderno não traz nenhum detalhamento. Ele não traz a clareza que a gente precisa ter de uma política pública capaz de trazer resultados. É um caderno que tem objetivos ainda muito genéricos, não traz clareza, não tem um desenho de política pública ainda”, disse Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação.

Nas 56 páginas, a cartilha dá ênfase, por exemplo, ao método fônico, que privilegia o som das letras no aprendizado, e afirma que “a alfabetização no Brasil deverá basear-se em resultados, evidências científicas”.

Segundo a especialista Cláudia Costin, do Centro de Excelência em Educação, da Fundação Getúlio Vargas, o mais importante é que os professores tenham segurança sobre o método a ser aplicado.

“Eu sempre digo que método bom é aquele que o professor sabe utilizar. O que quer dizer que, independentemente da abordagem que a gente selecione, é fundamental trabalhar com esse professor, dar uma formação sólida para esse professor, dentro da formação continuada em serviço, para que ele alfabetize bem”.

Só a partir de agora é que um grupo de especialistas criado pelo MEC começa a definir o que vai mudar na prática e elaborar um guia para os professores em sala de aula. Mas, de acordo com o ministério, ainda não há prazo para essa mudança na alfabetização.

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