Brasil Educação

MEC abre inscrições para Enem, e estudantes bem-sucedidos ensinam como chegar lá

A cerca de seis meses das provas, tempo e planejamento são aliados
Sophia lia matérias jornalísticas para aumentar vocabulário e se manter informada para a redação Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
Sophia lia matérias jornalísticas para aumentar vocabulário e se manter informada para a redação Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo

RIO - Estão abertas as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, consequentemente, dá início à temporada de tensão para a maioria dos estudantes. Daqui até os dias 5 e 12 de novembro, quando serão aplicadas as provas, os esforços se voltam para o exame que é a maior via de acesso ao ensino superior público do país. Para auxiliar os candidatos na preparação para o vestibular, O GLOBO conversou com especialistas no assunto: estudantes que fizeram a prova em 2016, tiveram ótimos resultados e conseguiram ingressar na universidade.

Para se inscrever no Enem deste ano, os candidatos devem acessar a página do MEC na internet até o dia 19 de maio. Aqueles que forem concluintes do ensino médio em escola pública ou de família de baixa renda estão isentos da taxa de inscrição — os demais deverão pagar R$ 82. Nessa edição, a inspeção dos requisitos de isenção será mais rígida. Antes, bastava o candidato declarar baixa renda para conseguir o benefício, agora, no entanto, o governo verificará a declaração em bancos de dados oficiais, como o CadÚnico. Ao fazer a inscrição, também é preciso indicar se há necessidade de atendimento especial para fazer a prova e, em caso positivo, inserir o laudo médico.

De hoje até a prova os candidatos terão cerca de seis meses para se preparar e, para garantir bons resultados, o tempo deve ser aproveitado com sabedoria. Jhosen Congeta, de 27 anos, é uma prova de que a organização é capaz de promover grandes conquistas. O jovem prestou o Enem 2016 e conseguiu se classificar em primeiro lugar para o curso de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Até chegar lá, no entanto, seus métodos de estudo foram minuciosamente planejados de maneira que não excluíssem hábitos de sua vida normal.

Mesmo estudando cerca de 10 horas por dia, Congeta elaborou um cronograma que lhe permitiu se exercitar na academia diariamente — durante cerca de uma hora —, jogar futebol algumas vezes por mês, e utilizar as redes sociais todos os dias. Durante a semana, o estudante começava a revisar as matérias por volta de 9h, parava para almoçar e depois continuava estudando até as 18h. Ao longo do dia, ele ainda fazia pequenas pausas, momentos nos quais checava as redes sociais.

— A atividade física faz com que a gente se sinta mais disposto, aumenta a autoestima, e proporciona um convívio social muito maior. Quando estamos estudando para o vestibular ficamos muito tempo sentados. Como eu estudava on-line, por meio de videoaulas, frequentar outros lugares diminuía a solidão — afirma.

Método de estudos rígido não excluiu atividades cotidianas e garantiu vaga na USP para Jhosen Foto: Arquivo pessoal
Método de estudos rígido não excluiu atividades cotidianas e garantiu vaga na USP para Jhosen Foto: Arquivo pessoal

Congeta aproveitava até o tempo nas redes sociais, tirando dúvidas com colegas virtuais ajudavam a sanar dúvidas.

— A rede social é viciante, mas eu também a utilizava de forma benéfica: participava de grupos de resolução de exercícios e discussão de matérias. Quando tinha dúvida, tirava uma foto da questão, postava no grupo e as pessoas me ajudavam. Era interessante também para ver que havia pessoas que estavam nessa caminhada comigo.

O ex-candidato recomenda aos estudantes que façam ao menos 30 exercícios por dia, separando a maior carga para disciplinas de maior dificuldade. E sugere que os candidatos treinem com simulados e revisões.

— É importante fazer simulados e provas anteriores, revisar a matéria ajuda a não esquecê-la. Geralmente, eu pegava simulados com questões comentadas para ver se a alternativa que escolhi como certa era realmente correta pelos motivos que eu havia pensado.

Redação modelo

Aos 19 anos Sophia Rodrigues conseguiu o que apenas outras 76 pessoas em todo país realizaram: tirar nota 1.000 na redação do Enem 2016. O caminho não foi fácil até lá, mas sua preparação não foi coisa de outro mundo. A estudante, que agora cursa Medicina em uma universidade do Rio, revela que o treinamento incessante a colocou entre os melhores do país.

— Eu fazia duas redações por semana, algumas vezes até três. É bom fazer redação em sala de aula, porque há tempo determinado para o término. É bem diferente de fazer em casa. Uma dica é manter a linguagem que você está acostumado, e não é bom, na hora da prova, fazer referência a um autor que você nunca leu, por exemplo.

A leitura foi uma amiga fiel da jovem. Sophia afirma que aproveitava o tempo extra para ler matérias jornalísticas e se informar sobre atualidades. Também tinha um método para trabalhar melhor os temas:

— Ler matérias acrescentou muito ao meu vocabulário. No início, eu demorava cerca de duas horas para fazer a redação, porque pesquisava sobre o assunto e anotava os prós e contras, para depois escrever. Ao longo do ano, fui reduzindo esse tempo até chegar a uma hora. Em todas as minhas redações, sempre há uma abordagem histórica. É importante estar atento às outras disciplinas em sala de aula, porque quando se conhece eventos históricos, geográficos, o leque de informação fica muito maior.

As estratégias de Sophia não valeriam de nada, no entanto, se não fosse um fator que, segundo ela mesma, fez toda a diferença no dia do exame.

— O mais importante de qualquer prova é sempre manter a calma, por mais que seja difícil. É importante confiar em si mesmo. Quando coloco na minha cabeça que me preparei para aquilo e que os outros são os outros, tudo fica melhor— diz.