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Máscaras passam a ser opcionais em escolas de SP, mas parte das unidades faz recomendação de uso

Proteção facial deixou de ser obrigatória em locais fechados desde a última quinta-feira

Por Isabela Moya
Atualização:

No primeiro dia da liberação da obrigatoriedade do uso de máscaras no Estado de São Paulo, alunos já estão frequentando as salas de aula sem a proteção facial. Na rede estadual, a recomendação é que a máscara seja opcional, mesma posição adotada por parte das escolas privadas da capital paulista. Em algumas unidades, no entanto, há uma recomendação para continuidade do uso da proteção.

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A liberação das máscaras no ambiente escolar já era alvo de debate da comunidade de pais ao longo do último mês diante da pressão pela liberação. Parte desse grupo via obstáculos de aprendizagem e sociabilidade na obrigatoriedade. Especialistas, por outro lado, consideram precoce a adoção da medida em ambientes fechados, onde a propagação do coronavírus ocorre com maior frequência.

Algumas instituições privadas seguem orientando pelo uso da máscara, como é o caso do Colégio Bandeirantes, da capital paulista. "Aceitamos a decisão do governo sobre o uso opcional, mas seguimos recomendando fortemente a utilização das máscaras, conforme recomendação do Sírio Libanês", afirma Guilherme Aguiar, gerente de desenvolvimento humano e operações do Colégio Bandeirantes. O colégio firmou uma parceria com o hospital durante a pandemia, que assumiu o ambulatório escolar.

Segundo Aguiar, não houve contestação de pais de alunos em relação ao posicionamento do colégio. Ele conta ainda que funcionários e muitos alunos continuam utilizando máscara, mesmo sem a obrigatoriedade. "A gente acredita que isso é um processo, a partir do momento que as pessoas se sentirem confortáveis, naturalmente, elas vão largando as mascaras", diz.

Alunos assistem à aula no colégio Pentágono; uso de máscara facial na instituição é facultativo Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

O Colégio Anglo São Paulo também segue recomendando o uso contínuo do equipamento de proteção. "A pandemia ainda é uma realidade e a máscara é um instrumento de segurança para todos. Como escola, buscamos sempre proteger nossos alunos, professores e funcionários", afirma Vinícius de Paula, coordenador da instituição.

Outras escolas sugerem o uso das máscaras em situações específicas. O Colégio Stocco, de Santo André, orienta a utilização em ambientes internos, e a Red House International School, de São Paulo, recomenda a utilização aos alunos e funcionários que fazem parte do grupo de risco da covid-19.

Já o Colégio Equipe informou ao Estadão que mantém o uso das máscaras como obrigatório até que a assessoria médica do colégio oriente o contrário, uma vez que a instituição possui poucos espaços abertos.

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O Colégio Santa Maria, de São Paulo, tornou opcional o uso do equipamento de proteção, mas afirmou que funcionários continuarão utilizando máscara até que a instituição consiga perceber os efeitos da liberação. Alunos sem o esquema vacinal completo também são orientados a continuar com o uso.

Juliana Medeiros tem um filho de 7 anos no Santa Maria, e contou estar de acordo com a opção da não utilização das máscaras dentro da escola. "Eu confio na ciência, acho que se a vacina veio, deu resultado, e foi provado que o uso da máscara não é mais necessário, não vejo problema nas crianças não usarem", diz a publicitária. "Sempre a gente tem algum receio, mas acredito que como a maioria já está vacinada com a segunda dose, o risco é bem menor, e lá eles fazem muitas aulas em espaço aberto, o que contribui para eles podem ficar mais tranquilos sem a máscara", explica.

Outras escolas particulares do Estado como Pentágono, Luminova, Dante Alighieri, Castanheiras, Rio Branco, Camino School, Anglo Chácara Santo AntônioUirapuru Vereda São Paulo informaram que aderiram à orientação do Estado de São Paulo e tornaram facultativo o uso das máscaras para alunos e funcionários em todos os ambientes escolares.

Sandra Battaglia, cujo filho de 8 anos estuda no Colégio Pentágono, considera a desobrigação do uso de máscaras prematura. "Os números de casos diários no Brasil ainda não estão baixos, o vírus ainda está bem ativo, não me sinto tão segura em locais fechados como em salas de aula, com crianças que ficam o tempo todo juntas, conversam muito próximas. A gente sabe que se houver o vírus circulando lá e os alunos estiverem sem máscara, provavelmente todos serão infectados", lamenta. 

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Ela diz que por ter sido um hábito incorporado por dois anos, é difícil se sentir totalmente seguro sem o equipamento de proteção, mas conta que deixou o filho a vontade para escolher se usaria ou não a máscara. "Ele me pareceu inseguro no começo, mas depois tirou a máscara, porque a gente sabe que existe uma certa pressão dos outros alunos, e até pelo fato da criança ver os outros alunos sem máscara, eles acabam também querendo tirar."

A decisão de largar as máscaras foi apoiada pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa cerca de 11 mil escolas e 2,4 milhões de alunos. "Nós pedimos ao Secretário de Educação e ao governo esta liberação das máscaras, porém iremos respeitar quem quiser continuar usando", afirma o presidente do sindicato, Benjamin Ribeiro da Silva.

"Em discussão com vários especialistas, chegamos à conclusão de que a máscara tem causado muito mais prejuízos do que benefícios aos alunos, pois ela inibe a criança e a mesma não usa todos seus recursos cognitivos", complementa.

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Bebel, Deputada Estadual e Presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), por outro lado, contesta a desobrigação das máscaras no ambiente escolar. "A decisão do governador João Doria de liberar o uso de máscaras em espaços fechados é precipitada e tem claro viés eleitoreiro", critica.

"Nem todas as crianças estão vacinadas com as duas doses necessárias à imunização. Muitos professores e profissionais da educação também integram o grupo de risco. E, acima de tudo, as escolas públicas estaduais seguem padecendo de graves problemas de infraestrutura, com salas lotadas e mal ventiladas", avalia a professora e deputada estadual. "Vamos tomar as providências necessárias para impedir mais um descalabro deste governo de morte que não se empenha para proteger o direito à vida dos membros da comunidade escolar", diz.

Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a máscara segue obrigatória dentro das escolas – municipais, estaduais e privadas –, que estão entre as exceções para a liberação em locais fechados. Demais cidades da grande São Paulo - Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – anunciaram que vão seguir o decreto estadual tornando facultativa a utilização do equipamento de proteção.

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