Estudo inédito mapeia desempenho de cidades brasileiras considerando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
Vai ser divulgado nesta sexta-feira (8) o primeiro mapa de desempenho dos municípios brasileiros que leva em consideração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Santana do Araguaia, no interior do Pará, tem 75 mil habitantes e 19% das casas ainda não têm luz elétrica.
“Ainda somos um pouco desassistidos nisso aí”, diz José Carneiro de Araújo, que trabalha na construção civil.
A 1.947 quilômetros está São Caetano do Sul, no ABC Paulista. Lá, todos os 162 mil moradores têm acesso a água tratada e coleta seletiva de lixo. O gasto com saúde pública passa de R$ 2,3 mil por pessoa, quase o dobro da média nacional.
“Aqui você tem tudo gratuito, tanto os exames quanto as consultas, e a maioria dos medicamentos também é acessível”, diz Kaluana Batista dos Reis, coordenadora administrativa.
Se no mapa a distância entre Santana do Araguaia e São Caetano do Sul já é grande, na lista com os 5.570 municípios brasileiros ela parece ainda maior.
A cidade paulista está topo do ranking nacional das cidades sustentáveis, enquanto o município paraense aparece em último. O levantamento inédito traz ainda um comparativo entre as regiões do país.
A cor amarela, que cobre principalmente os estados do Sul e Sudeste, indica que os níveis de desenvolvimento sustentável são melhores do que os das regiões Norte e Nordeste do país, em vermelho e laranja.
O ranking, que será lançado oficialmente na sexta-feira (8) por uma organização não governamental do Brasil, se baseia nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Erradicação da pobreza, igualdade de gênero, vida na água e educação de qualidade fazem parte dessa lista de ações que têm o objetivo de transformar o planeta até 2030.
“E a partir dessa ideia, do olhar para os países, nós pensamos em por que não fazer para as cidades? E com isso a gente acabou trabalhando 100 indicadores e chegou a um índice que é o Índice de Desenvolvimento Sustentável das cidades”, afirma o coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão.
O idealizador do projeto quer que o ranking brasileiro seja atualizado uma vez por ano, para que as cidades possam avaliar o seu próprio desempenho e se comparar com o restante do país. Uma “disputa” em que todos saem ganhando.
“O que a gente espera é que, na verdade, esses dados permitam a construção de políticas públicas, de definição de prioridades para que a gente possa estar entregando mais qualidade de vida para população brasileira em geral”, diz Jorge Abrahão.
A prefeitura de Santana do Araguaia disse que espera resolver em breve a falta de luz em bairros da periferia.