Nas redes sociais, diversos estudantes reclamaram do nível da prova, que englobava as áreas de linguagens e ciências da natureza, afirmando que muitos conteúdos cobrados não foram ensinados em sala de aula devido à grade curricular do Novo Ensino Médio.

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"Eu achei a prova bastante conteudista, afinal, o novo ensino médio só tem itinerários formativos e as únicas matérias importantes que temos são português e matemática. As questões eram muito específicas, algumas achei mais difíceis que as questões do Enem", relatou uma estudante de 17 anos ao g1.

"Na minha percepção, essa prova não foi feita para alunos do ensino público", afirmou a aluna, que não será identificada.

O horário da prova também foi alvo de críticas por estudantes do período noturno, uma vez que o exame voltado para o 3º ano deve ser realizado obrigatoriamente durante a manhã. Segundo o governo, a alternativa para aqueles que trabalham durante o dia é solicitar um comprovante de participação à secretaria da própria escola e apresentá-lo no trabalho.

Segundo o estudante Vinicius Augusto, de 18 anos, apenas 13 dos mais de 30 alunos de sua sala de ensino noturno conseguiram realizar a prova nesta manhã.

"Por mais que a escola forneça uma declaração para levar para o serviço, muita gente está no primeiro emprego, muitos em empregos informais, sem carteira assinada, então não podiam arriscar faltar dois dias seguidos no serviço. Eu só consegui ir porque meu chefe entendeu que eu precisava fazer a prova e me liberou", relatou o aluno da Zona Leste da capital.

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Ele também criticou o nível de dificuldade do exame.

"A sensação que ficou foi de que eles deram uma chance de fachada para a gente. Porque, apesar de ser mais uma prova para ingressar na faculdade, não tivemos as aulas nem o preparo necessário para fazê-la", contou Vinicius.

O primeiro dia de Provão também foi marcado pela instabilidade no Centro de Mídias da Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Com a aplicação do exame nas escolas, as aulas das demais turmas foram programadas para acontecer de forma online, pela plataforma da secretaria. Contudo, professores e alunos enfrentaram dificuldades para acessar o sistema ao longo do dia.

Por nota, a Seduc afirmou que a instabilidade e lentidão na autenticação dos usuários foi causada pelo alto número de videoconferências simultâneas, cerca de 24 mil turmas. A orientação passada aos professores foi a de ministrar as aulas por plataformas não oficiais.

O Centro de Mídias foi uma das plataformas oficiais utilizadas pelo governo durante o período de lockdown nas fases mais severas da pandemia de Covid-19.

O Provão Paulista é um novo vestibular seriado anunciado pelo governo estadual em julho, voltado especificamente para estudantes matriculados em redes públicas de ensino. Cinco instituições de ensino paulistas aderiram ao processo seletivo, somando cerca de 15 mil vagas que serão disputadas pelos candidatos:

• Universidade de São Paulo (USP): 1.500 vagas
• Universidade Estadual Paulista (Unesp): 934 vagas
• Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): 325 vagas
• Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp): 2.620 vagas
• Faculdades de Tecnologia de São Paulo (Fatecs): 10 mil vagas

Como se trata de uma prova seriada, os estudantes fazem o vestibular todos os anos ao longo do ensino médio. Isso quer dizer que um aluno que está no primeiro ano em 2023 precisará fazer a prova também em 2024 e 2025. Só então sua nota final, baseada no desempenho nas três edições, será calculada para a disputa por uma vaga na graduação.

Quem cursa o segundo ano precisará fazer o Provão em 2023 e 2024. Já os que estão no terceiro ano do ensino médio terão apenas as notas desta edição como base de cálculo na concorrência.

De acordo com o governo de São Paulo, cerca de 1,2 milhão de alunos se inscreveram para realizar o Provão. Desses, 1,7 mil estudam em outros estados.

Inicialmente, a prova desta quarta estava programada para terça-feira (28), mas foi adiada pelo governo estadual, em razão da grave conjunta de Metrô, CPTM e Sabesp.

Na quinta (30), alunos do 3º ano terão o segundo dia de provas, com questões das áreas de matemática, ciências humanas e sociais, além de redação.