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Por Jornal Nacional


Mais de 50% dos estudantes chegam ao 3º ano do ensino fundamental sem ter habilidades básicas de leitura

Mais de 50% dos estudantes chegam ao 3º ano do ensino fundamental sem ter habilidades básicas de leitura

Milhares de estudantes brasileiros estão chegando ao ensino médio sem conseguir ler fluentemente. O levantamento foi feito com alunos das redes pública e particular para avaliar o impacto da pandemia no ensino.

Os dados sobre o aprendizado na língua portuguesa mostram um quadro preocupante: 54% dos estudantes chegaram ao terceiro ano do ensino fundamental, com idade em torno dos 8 anos, sem ter habilidades básicas de leitura, como reconhecer personagens de uma história.

E 13% dos alunos continuam sem habilidades básicas de leitura ainda no sexto ano. A avaliação mostra também que 33% - ou seja, um em cada três alunos - terminam o ensino fundamental sem conseguir ler com fluência e com dificuldades com a ortografia.

A presidente-executiva da ONG Todos Pela Educação pede urgência na solução do problema que se agravou com os dois anos de pandemia.

"É fundamental resolver a questão da alfabetização, na idade certa porque as crianças nessa idade precisam consolidar esses conhecimentos, essas habilidades para conseguirem finalizar sua trajetória escolar na educação básica com sucesso, com aprendizagens, com tudo aquilo que ele tem direito de aprender durante esse período”, avalia Priscila Cruz.

Essas mesmas deficiências foram verificadas em uma escola pública que fica a 32 quilômetros de Brasília. Mas ali, pais, alunos e professores estão envolvidos em um projeto para enfrentar o problema.

A solução está pintada e escrita nos muros da escola.

E não é nada de novo. É a valorização dos escritores. E como diz o professor Josuel, que iniciou o projeto há sete anos, é a preocupação de criar formas de ensinar o aluno a gostar de ler.

O projeto foi logo encampado pela escola. No início do semestre, os professores se unem para escolher um livro que será lido por todos, junto com os alunos na sala de aula. Seja na aula de história, de geografia, de matemática, de química.

O resultado?

"Extraordinário. Nós temos agora, por exemplo, alunos se propondo a escrever. Ou seja, sai de um grupo de pessoas que tinham dificuldade com a escrita e querem se tornar escritores. A pergunta é essa: ‘professor, e como eu posso escrever um livro? Professor, eu posso escrever um livro?’. Então, se um livro era um objeto afastado, essa criança agora pensa na possibilidade de ser escritor ou de ser uma escritora”, comenta Josuel Santos da Silva.

Priscila Cruz cobra uma política nacional do MEC para multiplicar essas iniciativas por todo o país.

“Essa é a grande atribuição do governo federal. Coordenar os esforços de estados e municípios para que haja um alinhamento sempre com base naquilo que funciona. Né? Espero que com esses resultados o governo federal finalmente comece a fazer o seu papel, a cumprir o seu papel”, diz a presidente-executiva do Todos Pela Educação.

O Ministério da Educação não quis se manifestar

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