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Por Marília Marques e Geraldo Beckher, G1 DF e TV Globo


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Título: Comportamento agressivo de estudantes preocupa educadores do DF
Subtítulo: DF2
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Comportamento agressivo de estudantes preocupa educadores do DF

Uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro) revela que 58% dos educadores do DF dizem ter sido vítima de algum tipo de agressão na escola ou dentro da sala de aula. Os principais agressores são os estudantes (43%). O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (18).

O relatório mostra que o tipo mais comum de violência é a verbal, citada em 43% das entrevistas. Em seguida, estão as ameaças (29%) e o bullying (11%). Ao todo, foram ouvidos 1.355 professores entre dezembro de 2017 e março deste ano.

"Da grande maioria dos professores que se afasta, 70% são por problemas psiquiátricos causados por questões dentro da escola, dentro do ambiente de trabalho", afirma o diretor do Sinpro-DF Samuel Fernandes.

"A categoria está adoecendo."

Sala de aula de uma escola pública do Distrito Federal — Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

O documento mostra um índice ainda que do total de professores entrevistados, 74% responderam que já presenciaram algum tipo de violência dos alunos contra outro educador. A maioria dos casos ocorreu em escolas das regiões de Ceilândia (15,8%), Plano Piloto e Cruzeiro (16%) e Taguatinga (8,5%).

Origem da violência

O relatório aponta ainda que – na versão dos professores, sem separá-los por gênero – a necessidade de autoafirmação do agressor, a impunidade e a violência no ambiente familiar são as principais causas dos problemas.

Já as professoras associam as causas também ao uso de entorpecentes e a presença do tráfico no local. O "estresse com o ambiente escolar" também é citado.

Como resolver?

Para o sindicato dos professores, a contratação de mais orientadores educacionais pode ajudar a resolver e prevenir conflitos. "Nós temos escolas no DF com dois mil alunos, e sem nenhum orientador", afirma Fernandes.

"O ideal seria, pelo menos, a cada 500 alunos, 1 orientador educacional."

Em resposta, o secretario de Educação do DF, Júlio Gregório Filho, disse que 40 novos orientadores educacionais foram contratados este ano, e que o diálogo, dentro da escola, "é o melhor caminho pra resolver o problema".

Entrada de prédio da Secretaria de Educação do Distrito Federal — Foto: Mateus Rodrigues/G1

"Não é na bala que vai se resolver, na agressão, na expulsão do aluno ou transferência do professor", afirma. "Temos a responsabilidade de mudar a postura desse estudante, porque se ele está tendo esse tipo de agressividade dentro da escola, ele a reproduzirá lá fora".

"Um dos papéis que a escola tem é exatamente esse de mudança de comportamento."

Sobre as ocorrências de violência,a Polícia Militar diz que faz palestras de conscientização nas escolas com maior número de registros. Mas a PM cobra a participação dos pais no processo.

Casos recentes

No dia 10 de setembro, um adolescente de 16 anos foi detido por agredir, xingar e ameaçar – com um canivete – o vice-diretor do colégio onde estuda. O caso aconteceu no Centro de Ensino Fundamental 507 de Samambaia, no Distrito Federal.

Segundo o gestor – que preferiu não ser identificado –, o estudante tinha sido suspenso na semana anterior, após atirar um pedaço de melão em um grupo de alunas do mesmo colégio. Ele deveria ter voltado à escola com os pais para uma reunião, mas, como chegou sozinho, foi barrado.

PM apreende aluno que agrediu e ameaçou com canivete vice-diretor de escola do Distrito Federal — Foto: TV Globo/Reprodução

Em entrevista, o vice-diretor disse que o adolescente deu um murro no ombro dele e, em seguida, sacou um canivete. O educador disse que se defendeu, e contou com a ajuda de um vigilante da escola para conter o aluno.

O caso é investigado pela Polícia Civil. No boletim de ocorrência, consta que o estudante ameaçou o vice-diretor: "vou te matar, vou te dar um tiro".

Funcionários rendidos

Em 29 de agosto, três adolescentes, com idades entre 14 e 15 anos, foram apreendidos por suspeita de invadir um colégio em Santa Maria, no Distrito Federal.

Segundo a Polícia Civil, eles roubaram uma moto, celulares e documentos pessoais de dois funcionários do Centro de Ensino Fundamental 103.

Uma testemunha disse à Polícia Civil que um dos adolescentes envolvidos no caso é aluno da escola assaltada. Em nota, à época, a Secretaria de Educação afirmou que "não iria se posicionar sobre dados da investigação policial".

A polícia diz que o trio invadiu a escola pública e usou uma arma falsa para ameaçar o vigilante e uma auxiliar de serviços gerais. No horário, às 6h20, não havia mais ninguém no prédio. Os objetos levados foram recuperados.

Centro de Ensino Fundamental 103, em Santa Maria, no DF — Foto: Google/Reprodução

As vítimas contaram à polícia que os suspeitos tentaram, ainda, roubar um carro – o plano foi frustrado por um segurança, que atingiu um dos jovens com um cassetete.

O aluno ainda revidou o golpe, com um chute, segundo os funcionários. Ele acabou fugindo na moto roubada e os outros dois adolescentes saíram a pé.

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