Impactos da pandemia

Maioria dos paulistanos aprova fechamento de escolas. Para 86%, risco de contágio é alto

Segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, para maioria da população escolas não têm estrutura para impedir contágio. E SUS é o principal responsável pelo enfrentamento da pandemia

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Escolas ainda mostram dificuldades em se adaptar aos protocolos mais seguros para proteger as crianças, ainda não vacinadas

São Paulo – A maioria dos paulistanos ainda considera inadequada a retomada das aulas presenciais nas creches e escolas em meio à pandemia de covid-19. De acordo com a pesquisa “Viver em São Paulo: Saúde e Educação”, divulgada nesta terça-feira (25) pela Rede Nossa São Paulo, para 59% a manutenção do fechamento das escolas, com aulas a distância, ainda é essencial para frear os contágios, ante 33% da população que considera adequada a volta às aulas presenciais. 

Realizado em parceria com a empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), o levantamento traz a percepção dos paulistanos sobre os impactos da pandemia na educação. E revela que o principal temor, entre a parcela das pessoas que considera inadequada interromper o fechamento das escolas, está no risco alto de contágio (93%) e que as instituições não têm estrutura para evitar o contágio durante as aulas (89%). Mesmo entre aqueles que disseram concordar totalmente ou parcialmente com a volta às aulas, 86% temem a contaminação nos ambientes escolares e até 81% compartilham a análise sobre a falta de estrutura. 

A pesquisa consultou 800 moradores da cidade de São Paulo, a partir dos 16 anos, de diferentes graus de escolaridade, região e renda. As respostas foram coletadas entre 12 e 29 de abril, de forma virtual, entre as classes A, B e C1 e em domicílio nas classes C2, D e E. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. Entre o perfil da amostra, a maioria (54%) dos entrevistados é do sexo feminino e tem renda familiar de até dois salários mínimos (43%). 

Impactos da pandemia na educação

Ao todo, 271 responderam ser pais ou responsáveis de crianças e adolescentes em fase escolar (creche ou escola). Questionados sobre as dificuldades enfrentadas durante o ensino remoto no período de isolamento, 45% apontaram falta de internet adequada e velocidade insuficiente. Entre os problemas mais citados, foi mencionada a dificuldade de manter os filhos concentrados durante as aulas (39%) e a falta de equipamentos adequados (32%). A maioria dos pais e responsáveis também revela dificuldades emocionais e psicológicas entre os estudantes durante o isolamento social (81%). 

Ainda segundo a pesquisa, um em cada cinco entrevistados declara que seus filhos abandonaram as aulas principalmente devido a falta de equipamento, de acesso à internet e de concentração. A impressão de que houve um aumento da desigualdade é confirmada por 52% dos alunos e alunas. Os estudantes também apontam para uma piora no aprendizado (48%) e na evasão escolar (39%) como destaques do impacto da pandemia na educação. De acordo com a Rede Nossa São Paulo, a percepção de desigualdade é mais significativa no região oeste da capital (64%). Enquanto a piora de aprendizado e abandono escolar é sobretudo maior nas regiões norte (58%) e sul (47%). 

Já entre os profissionais da educação, as principais dificuldades impostas por esse período foi o maior desinteresse de estudantes durante a aula (45%). Até 35% da amostra relataram também demissões, adoecimento e problemas de saúde (34%), redução de salários (34%), aumento de cobranças e pressões (33%), desvalorização do trabalho (31%) e ampliação da jornada de trabalho (23%). 

Percepções sobre saúde em São Paulo

O levantamento da Rede Nossa São Paulo identificou ainda que para a maioria dos moradores da capital o Sistema Único de Saúde (SUS) é o que tem sustentado o combate à pandemia. Cerca de 70% dos paulistanos não possuem planos de saúde. Desse total, quatro em cada cinco utilizaram os serviços públicos de saúde de forma exclusiva ou complementar nos últimos 12 meses. 

E, mesmo entre a parcela menor da população que tem convênio médico, dois em cada cinco em algum momento recorreram aos serviços públicos. Pelo segundo ano consecutivo, a pesquisa indicou uma queda no número de habitantes com plano de saúde. O índice caiu de 33%, em 2017, para 31%, em 2018, e 29% neste ano. A organização identifica, no entanto, a consulta com especialistas, a demora no atendimento de postos e centros de saúde e superlotação, como os problemas mais citados pela população no sistema público. 

Em relação ao atendimento a pacientes com a covid-19, a maioria também foi diagnosticada pelo sistema público (76%) ante 63% no sistema privado. Entre os paulistanos que testaram positivo – 175 –, a pandemia também teve impacto mais expressivamente na saúde mental. Até 64% disseram ter tido alterações no sono, de excesso a insônia, enquanto esse percentual chegou a 48% entre os que não foram diagnosticados. Eles também notaram mudanças repentinas de humor (55%), angústia (57%), sintomas de ansiedade (47%) e tristeza e choro fácil (43%).

Por outro lado, a média de sintomas entre o total de entrevistados ficou acima dos 30%. Numa comparação entre gêneros, as mulheres desenvolveram a maioria dos sintomas avaliados pela pesquisa (76%), ante 57% dos homens.

Apontamentos sobre a vacinação

Sobre o andamento da vacinação contra a covid-19 na cidade de São Paulo, 59% dos moradores concluem que os aqueles que precisam trabalhar fora de suas casas e que usam o transporte público deveriam ser priorizados na distribuição das doses. Os paulistanos ainda sugerem que deveria haver agendamento. E agentes comunitários de saúde poderiam estar disponíveis para ir até a população aplicar as vacinas, para evitar filas e aglomerações nas unidades de saúde. 

Redação: Clara Assunção
Edição: Paulo Donizetti de Souza


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