Por g1 Santos


Ana Clara Monferron está na fila de espera para terapia ocupacional há 4 anos — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Mães de crianças autistas alegam que elas não recebem atendimento médico adequado, nem acompanhamento de professores auxiliares nas escolas de Mongaguá, no litoral de São Paulo. De acordo com as responsáveis, os pequenos estão sofrendo graves consequências no desenvolvimento e na aprendizagem. “As crianças com deficiência mental não são vistas em Mongaguá”, disse uma das mães em entrevista ao g1. A prefeitura nega qualquer irregularidade.

Nayla Faria, de 26 anos, é mãe do pequeno João Miguel, de 2. Ela contou ao g1 que enfrenta uma longa batalha para conseguir um laudo médico que comprove a condição do menino. “Quando ele tinha 6 meses, o pediatra o encaminhou para um neuropediatra, para que ele pudesse dar um diagnóstico fechado. Estou esperando esse tempo todo, e não tenho respostas”.

Nayla destaca o quanto a falta de um acompanhamento especializado reflete no desenvolvimento de João, que está enfrentando desafios com a adaptação escolar. “Ele tem dificuldade para prestar atenção, e atraso na fala. As professoras não conseguem entender ele, e acabam não sabendo como agir em situações de crise”.

A mãe de João Miguel diz que foi diversas vezes buscar respostas na Unidade de Saúde da Família Agenor de Campos, no bairro Balneário Regina Maria, mas os profissionais apenas a orientam a aguardar.

Natalia Monffernon, de 34 anos, é mãe de Ana Clara, de 8, que também é autista, e aguarda há quatro anos na fila de espera para receber atendimento de uma fonoaudióloga na cidade. “Tive que pagar plano de saúde e ir a Santos para que ela [filha] pudesse passar por um neurologista. Aqui, sempre me diziam para esperar na fila”.

Natalia relata o quanto a ausência de uma professora auxiliar acompanhando a filha na sala de aula atrapalha seu desenvolvimento escolar. “Minha filha está ficando para trás, e tem dificuldade para socializar com outras crianças. As professoras da escola não sabem lidar com ela, e diversas vezes ela já voltou para casa chateada por algum constrangimento”, conta.

Natalia afirma que buscou assistência médica para a filha na cidade repetidas vezes, mas que nunca obteve sucesso. “Todas as vezes que fui até a Unidade de Saúde Mental, eles me diziam ou para esperar na fila, ou encaminhavam o atendimento para o Hospital Guilherme Álvaro, em Praia Grande”.

Na última segunda-feira (14), um grupo de mães se reuniu e foi até a Câmara Municipal cobrar da Prefeitura de Mongaguá soluções para resolver a situação. Segundo elas, o vereador Marcelo Ramos (DEM) as atendeu e procurou entender o problema.

Resposta

Em nota, a Unidade de Saúde Mental de Mongaguá informa que atende crianças de todas as idades, com encaminhamento médico. Esses pacientes são atendidos pela psiquiatria infantil da unidade, com agendas semanais.

Em relação à educação, a Prefeitura de Mongaguá afirma que prima pela inclusão dos alunos com déficit cognitivo, e oferece como auxílio nas demandas escolares, além do professor em sala de aula, o profissional de apoio escolar, para dar base ao estudante.

VÍDEO: g1 em 1 Minuto Santos

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