Por MGTV


Mães de alunos da Escola Municipal Darcy Ribeiro foram ao Conselho Tutelar pedir a interdição do local nesta quinta-feira (9) — Foto: Reprodução/TV Integração

Um grupo de mães de alunos da Escola Municipal Darcy Ribeiro, em Divinópolis, procurou o Conselho Tutelar nesta quinta-feira (9) para pedir a interdição da unidade, que fica próxima ao Parque da Ilha, interditado na última quarta-feira (8) após a confirmação duas mortes por febre hemorrágica na cidade.

Segundo as mães, várias crianças deixaram de frequentar as aulas na escola após a notificação de casos suspeitos na cidade.

“As mães estão falando que não estão mandando as crianças [para a aula]. Então, estimamos que sejam cerca de 50 crianças. O ônibus está ficando bem vazio”, contou Ana Gabriela Neves Souza, mãe de uma aluna da escola.

Mães de alunos pedem interdição de escola municipal próxima ao Parque da Ilha

Mães de alunos pedem interdição de escola municipal próxima ao Parque da Ilha

Por lei, as escolas são obrigadas a comunicar o conselho tutelar sobre a ausência dos estudantes. O Estatuto da Criança e dos Adolescentes (Eca) prevê advertência ao pai ou responsável em caso de cinco faltas consecutivas ou 10 alternadas no mês, sem justificativa.

No entanto, segundo o Conselho Tutelar, o órgão não tem o poder de fechar a escola ou obrigar os pais a levarem os filhos para a sala de aula, mas vai intermediar uma solução para o impasse.

“Seremos apenas o intermediador desses pais e vamos conversar com a Secretaria de Educação e com a Vigilância Sanitária para avaliarmos a questão da escola e com os pais que estão preocupados com a segurança de seus filhos”, afirmou a conselheira, Kariny Dutra.

Caso os alunos continuem não indo às aulas, os pais ou responsáveis podem ser punidos e perder direitos, como o bolsa família e vaga no transporte público, o que gera preocupação nas mães.

“Não que feche a escola, mas que tenha um lugar provisório para nossas crianças continuarem a estudar. Nossa intenção não é que elas parem agora, até porque se eu tirar [meu filho] agora, dificilmente encontrarei vaga [em outra escola] nessa altura do ano letivo. Precisamos de uma posição”, afirmou Paula Roberta Xavier, mãe de outro aluno.

Durante a reunião com as mães, as conselheiras disseram que os casos serão avaliados individualmente. “No caso desses pais, a gente entende que são faltas justificadas. Eles estão todos temerosos com a presença das crianças na escola, já que a escola fica ao lado do Parque da Ilha”, disse Kariny.

As mães também questionaram a demora na construção da nova sede da escola, no Bairro Niterói, que está paralisada há oito anos. Em nota, a Prefeitura afirmou que depende de recursos do Governo Federal para iniciar a construção e aguarda o término do período eleitoral para cobrar a verba, que já foi requisitada.

De acordo com a secretária de Educação da cidade, Vera Prado, todas as medidas cabíveis já foram tomadas e as aulas serão mantidas normalmente.

“A dedetização [da escola] é feita regularmente, a cada 90 dias, e agora no último dia 4 realizamos internamente. Na parte externa, foi feita uma varredura no entorno e no próximo sábado devemos fazer a dedetização externa. Estamos esperando a chuva dar uma trégua”, contou.

Casos de febre de hemorrágica são confirmados e parque é interditado em Divinópolis

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Entenda o caso

Dos três casos de morte por febre hemorrágica em Divinópolis que estavam em análise, dois deles foram confirmados. A Secretaria de Saúde (Semusa) anunciou que restringiu o acesso ao Parque da ilha por tempo indeterminado. A medida foi tomada após a confirmação da morte de duas pessoas, que frequentaram o local dias antes de apresentarem os sintomas da doença. A morte de uma terceira pessoa, sob as mesmas circunstâncias, ainda é investigada.

O Secretaria destacou que o município tomou uma série de medidas para o enfretamento da doença, como a limpeza do parque e outras áreas consideradas de risco, e a realização de campanhas informativas sobre o assunto.

O primeiro caso confirmado da doença foi o de uma jovem de 24 anos. Ela morreu no dia 30 de junho após dar entrada no Hospital São João (HJSD) com dores no corpo e febre alta.

O segundo caso é de um idoso de 81 anos que morreu no dia 23 de julho. Ele foi internado no Hospital Santa Mônica com febre alta e dores no corpo. Chegou a ser encaminhado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu.

O terceiro caso, que ainda é investigado, é de um idoso de 63 anos que morreu no dia 6 de agosto, após apresentar todos os sinais da doença. A vítima foi encaminhada ao hospital, mas teve uma rápida evolução do quadro clínico. Amostras de sangue dele estão em analise na Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte.

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