Por Janaina Rodrigues e João Belarmino, Diário TV 1ª Edição


Mãe de criança com síndrome de Down enfrenta dificuldades nos cuidados do filho em escola

Mãe de criança com síndrome de Down enfrenta dificuldades nos cuidados do filho em escola

Uma mãe de Ferraz de Vasconcelos tem enfrentado dificuldades para manter o filho com síndrome de Down em uma escola municipal. A vendedora Ewandria Cristina da Costa relata que a unidade de ensino pede que a família troque as fraldas do menino durante o período escolar. A escola alega que não possui funcionários disponíveis para acompanhar os cuidados.

Francisco estuda na Escola Municipal de Ensino Básico Thomaz Rodrigues Alckmin na parte da manhã e precisa trocar as fraldas por uma ou duas vezes durante as aulas. Entretanto, Ewandria afirma que a instituição não possui profissionais para acompanhar seu filho. “A diretora disse que não tinha ninguém disponível”, diz a mãe do estudante.

A vendedora também afirma que a diretoria da escola informou que alguém da família precisaria estar disponível em sua casa para fazer a troca de fraldas. Ela trabalha em São Paulo e informou que não consegue ir até a escola.

Ewandria solicitou à Secretaria de Educação do município uma solução para o problema. Além disso, também procurou a Defensoria Pública em busca de respostas. Entretanto, só conseguiu marcar uma reunião para o próximo dia 4 de abril.

“Eu perguntei para a diretora ‘se ele fizer alguma coisa na fralda, vai ficar assim até a hora de ir embora?’. Ela balançou os ombros, como quem diz ‘eu não posso fazer nada’. Eles falam tanto de inclusão, mas que inclusão é essa que eles não preparam uma estrutura para receber a criança?”, disse Ewandria.

O pedido da escola viola o Estatuto da Pessoa com Deficiência. O documento busca assegurar e promover “o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. O Estatuto garante a presença de um profissional de apoio escolar nas instituições de ensino, responsáveis pelas atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência.

Camila Varella, advogada que integra a Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência, informa que além do Estatuto, há mais recursos na legislação brasileira que garantem o apoio necessário aos estudantes com deficiência no ambiente escolar. "A Lei Brasileira de Inclusão tem no artigo terceiro, inciso 13, onde ele é explícito em dizer que o estudante com deficiência tem o direito a um profissional de apoio escolar. Não tem nenhuma razão que possa justificar a falta do fornecimento desse profissional”, disse a advogada.

“No dia a dia, seja nas escolas, numa preferência que uma pessoa com deficiência teria, têm muitos obstáculos a vencer. As pessoas fazem um favor de incluir e não entendem que isso é um direito da pessoa com deficiência a ser incluído”, completa a advogada. No entanto, o impasse nas escolas pode existir, pois há uma diferença do entendimento jurídico e médico em relação a casos iguais a este.

A Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos não respondeu aos questionamentos específicos sobre o caso de Francisco de Ewandria. Em nota, o município apenas disse que há um processo em tramitação para a criação do cargo de cuidador. Posteriormente, a administração municipal abrirá um concurso público para a contratação de pessoas especializadas para a função. No entanto, a Prefeitura não informou um prazo.

A Secretaria de Educação de Ferraz de Vasconcelos também disse que conta com estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia que realizam o acompanhamento em parceria com o professor da classe da criança.

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